O CEO do Google, Sundar Pichai, foi ouvido nesta segunda-feira (30) pelo Tribunal Federal de Washington (EUA), em julgamento que analisa o monopólio do Google no universo das ferramentas de busca.

Pichai afirmou que o Google enfrentou dinâmica “muito competitiva” durante negociação multibilionária com a Apple em 2016. Segundo o The Washington Post, Pichai destacou que a empresa da maçã considerou outras opções além do Google durante as negociações de sete anos atrás.

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O CEO da gigante das buscas afirmou que se comprometeu a cumprir com as demandas da Apple. “Há muitas incertezas sobre o que poderia acontecer caso o acordo não existisse”, alegou Pichai.

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Esse testemunho contrasta com as alegações do Departamento de Justiça dos EUA, que garante que o Google “manda” nas fabricantes, fazendo com que elas insiram seu motor de busca em seus dispositivos, de modo a obter parte da receita dos anúncios na ferramenta.

  • Pichai foi o terceiro a ser ouvido como testemunha de defesa do Google, que começaram a ser ouvidos na quinta-feira (26);
  • Na sexta-feira (27), uma evidência indicou que o Google gastou US$ 26,3 bilhões (R$ 132,7 bilhões) em 2021 em “custos de aquisição de tráfego”, categoria que abrange seus pagamentos a companhias, como a Apple;
  • O Google alega que domina o mercado por ter o melhor produto;
  • “Esta corte não pode intervir no mercado e dizer ao Google que ele não pode competir”, disse a parte principal da companhia, John Schmidtlein.

Testemunho de Pichai

O CEO do Google pontuou também sobre o desenvolvimento do Google Chrome, que possui o Google como buscador padrão. Pichai apontou que as inovações de sua empresa se relacionam de forma direta com o tempo que os usuários passam no mecanismo de busca do Google.

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Enquanto o governo dos EUA argumenta que até mesmo a Apple não tem poderes para divergir dos termos do Google, Pichai afirmou que a empresa se preocupou quando a Apple começou a estudar formas de desviar consultas de pesquisa, inclusive sobre a possibilidade de criar seu próprio mecanismo de busca (algo que vai virar realidade).

Uma dessas formas seria o Siri Suggestions, produto da Apple que direciona algumas pesquisas para outros mecanismos de busca diferentes do Google. Pichai sugeriu a criação de aplicativo de busca próprio do Google para dispositivos iOS como forma de estimular o uso do mecanismo de busca.

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No entanto, a Apple não reagiu positivamente à ideia. Durante o julgamento, Pichai afirmou que estava tentando encontrar solução que atendesse aos interesses de ambas as empresas.

Em e-mail interno enviado em 2019, Pichai pediu à sua equipe que informasse se alguém deixasse a equipe de busca da empresa da maçã. O CEO do Google disse que tais acordos eram “muito valiosos” para o Google.

Ele admitiu que, nos anos 2000, sua empresa processou a Microsoft por definir o Bing como buscador padrão em atualização do Internet Explorer, sem solicitar aos usuários a opção de mudar. Porém, ele afirmou que a situação era diferente do questionado atualmente, pois a Microsoft teria tornado às pessoas mais difícil de trocar as configurações do que o Google.

A evidência referente apresentada à corte inclui um e-mail enviado por Pichai em 2007 sugerindo que poderiam permitir à Apple facilitar mudar do Google para a busca do Yahoo no Safari, apesar de o Google pedir que seu mecanismo fosse o padrão no acordo de divisão de receitas.

Pichai escreveu se preocupar com a “ótica” de ser o único mecanismo no navegador da maçã. Outros e-mails internos do Google apresentados no julgamento sugerem que os executivos da empresa buscavam evitar palavras-chave, como “participação de mercado” em seus registros para evitar que a empresa virasse alvo antitruste.

A acusação também mostrou memorando interno do Google de dezembro de 2018 com informações sobre a última reunião de Pichai com Tim Cook, CEO da Apple. Nele, consta como Cook tinha esperança de que as duas empresas fossem “parceiras profundas e profundamente conectadas onde nossos serviços terminam e o de vocês começam”.

Na mesma reunião, segundo o The Verge, Pichai propôs a inclusão do aplicativo de buscas do Google em todos os dispositivos iOS da Apple. Pichai argumentou que essa parceria aumentaria as receitas de ambas as empresas. No entanto, a Apple recusou a oferta, uma vez que a empresa não pré-instala software de terceiros em seus dispositivos.

Pichai: “acordo não excluiu a concorrência”

Sobre se o acordo multibilionário com a Apple teria excluído a concorrência entre as empresas, Pichai negou, alegando que parte do memorando falava especificamente do buscador do Google no Safari.

Competimos ferozmente em muitos produtos. A reunião foi tensa em alguns momentos. Continuamos a ter momentos de tensão entre as empresas.

Sundar Pichai, CEO do Google, em testemunho

O CEO da gigante das buscas disse, ainda, que ele e Cook buscar se reunir anualmente para realizar “check-ins de CEO”.