Pesquisadores criam o primeiro biobanco de amostras cerebrais vivas

Pesquisadores espanhóis criaram o biobanco que permite aos cientistas descobrirem como as células cancerígenas respondem aos medicamentos
Por William Schendes, editado por Bruno Ignacio de Lima 01/11/2023 14h58
Biobanco
(Imagem: Laura M. Lombardía / CNIO)
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Pesquisadores espanhóis criaram o primeiro biobanco do mundo de tecido cerebral vivo coletado de pacientes com câncer cerebral metastático — quando o tumor sai do órgão de origem e se espalha por outras partes do corpo.

Os criadores do biobanco são dois pesquisadores do Centro Nacional Espanhol de Investigação do Cancro (CNIO), Manuel Valiente e Eva Ortega-Paíno.

O biobanco, chamado de RENACER, conta com amostras vivas que permitem aos pesquisadores estudarem a forma como as células cancerígenas respondem aos medicamentos.

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Os tecidos cerebrais do RENACER vêm de 18 hospitais espanhóis que tiveram pacientes com metástases cerebrais e foram submetidos a cirurgias. Conforme explicou o New Atlas, como essas células são mantidas vivas, é possível estudar como elas respondem a medicamentos específicos.

Como funciona o biobanco de amostras cerebrais?

Para fazer com que o tecido fique “vivo” após ser retirado do paciente, ele é colocado em um recipiente cuja temperatura deve estar entre 4 °C e 8 °C, e deve ser transportado para o biobanco em menos de 24 horas.

Além dos tecidos cerebrais, o RENACER utilizou RNA e sequenciamento de exossomos para traçar o perfil de mais de 150 metástases cerebrais. As informações coletados são disponibilizados numa base de dados aberta à comunidade científica internacional.

No estudo sobre o biobanco, publicado na revista Trends In Cancer, os autores caracterizam a criação como “transformadora, não só para a investigação, mas também para o desenho de ensaios clínicos, especialmente quando focadas em necessidades clínicas como metástases cerebrais”.

Alguns benefícios já foram notados pelos pesquisadores durante os estudos do RENACER como a rapidez ao traduzir resultados de pacientes para estudos clínicos adicionais.

Além disso, os pesquisadores pretendem realiza mais estudos com o biobanco adicionando imagens cerebrais e avaliações cognitivas como uma forma de obter uma imagem abrangente sobre os aspectos da doença e respostas ao tratamento.

Jornalista em formação pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Mesmo com alguns assuntos negativos, gosta ficar atualizado e noticiar sobre diferentes temas da tecnologia.

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Com 10 anos de experiência, é especialista na cobertura de tecnologia. Atualmente, é editor de Dicas e Tutoriais no Olhar Digital.