Cidade brasileira está virando deserto

Acelerado pelo desmatamento e pelas mudanças climáticas, deserto mais do que dobrou de tamanho de 1976 até 2019
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Ignacio de Lima 01/11/2023 11h49
deserto
Imagem: Anton Petrus/Shutterstock
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A erosão de um solo naturalmente frágil, potencializada pelo desmatamento e pelas mudanças climáticas, está transformando em deserto uma cidade do Piauí. O processo de desertificação, segundo cientistas, tem o potencial de tomar uma área maior do que a da cidade de Nova York, nos Estados Unidos.

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Ação humana intensificou processo de desertificação

  • O processo está tão acelerado que já é possível avistar o deserto de Gilbues por imagens aéreas.
  • O problema provocado pela erosão no local não é uma novidade.
  • O nome da cidade vem de uma palavra indígena que significa “terra frágil”.
  • Mas a atividade humana potencializou o fenômeno de desertificação ao queimar a vegetação.
  • Hoje com onze mil habitantes, Gilbues foi palco de uma corrida pela mineração de diamantes em meados do século 20, um boom da cana-de-açúcar na década de 1980 e atualmente é um dos maiores municípios produtores de soja do estado.
  • As informações são da Phys.org.
Cidade do Piauí está virando deserto (Imagem: prefeitura de Gilbues)

Deserto dobrou de tamanho nos últimos anos

De acordo com um estudo, a área afetada pela desertificação mais do que dobrou de 387 quilômetros quadrados, em 1976, para 805, em 2019. No total, 15 condados e cerca de 500 famílias de agricultores são impactados pelo fenômeno.

Segundo pesquisadores, são necessários novos estudos para identificar o papel do aquecimento global na aceleração do processo. Os agricultores dizem que a região está mais seca e que a estação chuvosa está mais curta e intensa, o que agrava o problema. Fortes precipitações lavam mais solo, aprofundando os cânions abertos conhecidos como “vocorocas”.

Para tentar minimizar os impactos, produtores locais estão adotando medidas de proteção da vegetação nativa, irrigação por gotejamento, piscicultura e a antiga técnica antierosiva da agricultura de terraço. Mas condenam o fechamento há seis anos de um centro de pesquisa antidesertificação administrado pelo governo em Gilbues que ajudou os agricultores a implementar essas técnicas. O estado do Piauí planeja reabrir o espaço, mas não definiu uma data para isso.

A Organização das Nações Unidas (ONU) chama a desertificação de uma “crise silenciosa” que afeta 500 milhões de pessoas em todo o mundo, alimentando a pobreza e os conflitos ao redor do mundo.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Com 10 anos de experiência, é especialista na cobertura de tecnologia. Atualmente, é editor de Dicas e Tutoriais no Olhar Digital.