No início de setembro de 2023, o fungo Fusarium infectou cerca de 104 pessoas durante um mutirão do projeto Mais Visão, que realizava cirurgias contra catarata no Amapá. O fungo provocou um caso de endoftalmite (infecção no interior do olho) nos pacientes, com alguns casos de cegueira após o procedimento. As cirurgias foram interrompidas logo após os primeiros relatos.

O caso está sendo investigado pelo Serviço de Vigilância em Saúde do Amapá e pela Anvisa. Confira a seguir mais informações sobre esse fungo e o que ele causa em humanos:

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O que é o fungo Fusarium

Fusarium
Espigas de milho afetadas por Fusarium moniliforme Imagem: Shutterstock


O Fusarium é um tipo de fungo oportunista mais comumente encontrado em plantas e cereais como trigo, milho, aveia, e demais, mas também pode estar presente no ar, na água e no solo. Esse fungo provoca uma rara doença infecciosa chamada fusariose, geralmente causada por conta dos esporos que podem ser dispersados pelo ar e atingir os olhos e boca ou ser inalado e entrar em contato com o pulmão.

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A doença causa diversas infecções na parte interior do olho, no ouvido, no sangue, nas unhas, nos pulmões, inflamações na córnea, nas mucosas do seio da face, no peritônio, além de artrite, abcesso cerebral, e lesões cutâneas, principalmente em pacientes com sistema imunológico comprometido.

Existem mais de 200 tipos de Fusarium, o Fusarium solani sendo o mais comum e virulento entre pessoas. A fusariose é a terceira infecção mais frequente derivada de fungos, seguida pela aspergilose e a mucormicose.

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Quais são os sintomas

Os sintomas da fusariose variam dependendo da maneira como o fungo Fusarium atingiu o organismo. De acordo com o Ministério da Saúde, “Os sintomas clínicos desta doença não são específicos e podem apresentar desde febre persistente a diminuição dos níveis de consciência, mucosa avermelhada e edema nasal; palidez e descoloração da mucosa, rinorreia, taquicardia, mialgias, tosse seca, dor torácica pleurítica e falta de ar, olhos vermelhos, lacrimejantes, dor nos olhos, entre outros”.

Quando um paciente apresenta um quadro clínico como neutropenia grave e prolongada, e é exposto ao Fusarium, a doença tende a desenvolver em um caso mais grave de fungemia, de acordo com o Ministério da Saúde, em aproximadamente 70% dos casos. O diagnóstico é realizado de forma clínica e laboratorial, e deve ser feito mediante avaliação médica.

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Como prevenir

A principal forma de prevenção é evitar exposição direta ao Fusarium. Também é necessário lavar as mãos com água e sabão após contato com o solo contaminado, além de constante monitoramento das condições do ar e da água.

Para agricultores e quem trabalha com o manuseio de solo e plantas é recomendado o uso de protetores nos olhos, máscara, luvas, roupas de manga comprida e calçados apropriados, além de ter as unhas sempre bem cuidadas e aparadas.

Para quem usa lentes de contato, é necessário se precaver contra a ceratite, evitando locais mofados e limpando suas lentes com produtos esterilizados, sempre lavando as mãos antes e após manipulá-las.