Hemisfério Sul está ficando sem água, alerta estudo

Segundo pesquisadores, a disponibilidade de água no Hemisfério Sul está cada vez menor, o que vai gerar impactos em todo o planeta
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 14/11/2023 01h20, atualizada em 16/11/2023 21h26
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Um estudo aponta que o Hemisfério Sul está secando mais do que o Hemisfério Norte nas últimas duas décadas (2001-2020). Os autores sugerem que a principal causa da diminuição da água disponível é o fenômeno climático El Niño, caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico na sua porção equatorial.

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Disponibilidade de água está diminuindo

  • As descobertas, publicadas na revista Science, são baseadas em dados de satélites e medições de vazões de rios e córregos.
  • A partir disso, os pesquisadores puderam calcular as mudanças na disponibilidade de água, ou seja, a diferença entre a quantidade de água fornecida na forma de chuvas e a água removida para a atmosfera pela evaporação geral ou pelas plantas através de suas folhas.
  • A nova análise revela uma forte diminuição na disponibilidade de água na América do Sul, na maior parte da África e no centro e noroeste da Austrália.
  • No entanto, algumas regiões, como a parte sul da América do Sul, terão mais água disponível.
  • Por outro lado, apesar das variações significativas entre as regiões, o estudo sugere que a disponibilidade de água no Hemisfério Norte é mais ou menos equilibrada.
  • Isso se deve, em parte, às extensas influências humanas, como irrigação, barragens e produção de alimentos.
  • Tais fatores são mais relevantes no Hemisfério Norte, já que cerca de 90% da população mundial vive lá.
  • As informações são da ScienceAlert.
Seca (Imagem: KITTIPONG SOMKLANG/Shutterstock)

Impactos da secagem no sul do planeta

Os pesquisadores afirmam que a diminuição da água disponível na floresta amazônica, por exemplo, aumentaria os riscos de incêndio na vegetação. O resultado seria uma maior liberação de dióxido de carbono, aumentando ainda mais o aquecimento global.

A América do Sul também é um grande exportador de soja, açúcar, carne, café e frutas. Mudanças na disponibilidade de água poderiam provocar a escassez desses alimentos, gerando uma crise alimentar global.

Já na África, a situação aumentaria as tensões já existentes no continente. O estudo destaca a possibilidade de aumento da pobreza e da fome na região.

O noroeste da Austrália, por outro lado, é tomado por grandes desertos. Menos água na região significaria a mudança nos padrões da vegetação e o aumento ainda maior das temperaturas, que podem ficar acima de 35°C em grande parte do ano até 2100. Os efeitos ainda seriam sentidos nas principais cidades australianas.

Por fim, os pesquisadores alertam que os impactos da secagem do Hemisfério Sul também afetariam os habitantes do Hemisfério Norte, ainda que seja mais complexo prever quais seriam as magnitudes desses impactos.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.