Esse vírus intriga cientistas porque parece ser ‘vampiro’; veja!

O MiniFlayer pode ser o primeiro vírus "vampiro" porque foi observado se agarrando ao "pescoço" do MindFlayer, outro vírus maior
Pedro Spadoni14/11/2023 09h57
Ilustração de vírus bacteriófago
(Imagem: Victor Padilla-Sanchez/Wikimedia Commons)
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A cientista Tagide deCarvalho testemunhou algo extraordinário em março de 2020: um vírus, batizado de MiniFlayer, apegado ao “pescoço” de outro vírus maior chamado MindFlayer. Este estranho casal de bacteriófagos, microrganismos que infectam bactérias, foi descoberto num aglomerado de terra em Poolesville, Maryland (EUA), oferecendo uma visão única e rara da complexidade do mundo microscópico.

Para quem tem pressa:

  • Cientistas, liderados por Tagide deCarvalho e Ivan Erill, descobriram um fenômeno raro envolvendo bacteriófagos, microrganismos que infectam bactérias, em Poolesville, Maryland;
  • O MiniFlayer, um tipo de “satélite” viral, foi observado se agarrando ao “pescoço” do MindFlayer, outro vírus maior, formando um casal viral inusitado;
  • Diferente de satélites convencionais, o MiniFlayer não pode se esconder dentro das células e utiliza o MindFlayer como meio de transporte, agarrando-se a ele para entrar em uma nova célula;
  • Essa forma de carona viral desafia as expectativas científicas e revela a capacidade dos vírus para adaptação por meio de estratégias complexas;
  • A descoberta destaca a diversidade e complexidade do mundo microscópico, oferecendo insights valiosos para avanços na terapia viral e compreensão mais profunda da evolução biológica;

Bacteriófagos são organismos abundantes na Terra, com milhões podendo existir em apenas um grama de terra. No entanto, o que deCarvalho testemunhou, através de um microscópio de elétrons, foi sem precedentes. Centenas de MiniFlayers estavam ligados ao pescoço do MindFlayer, indicando uma relação parasitária que desafia as expectativas científicas, segundo o jornal The Washington Post.

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O vírus ‘vampiro’

Imagem do vírus vampiro no microscópio
(Imagem: Tagide deCarvalho/Universidade de Maryland)

Os fagos são conhecidos por incluir elementos chamados “satélites”, que perderam a capacidade de se replicar. No entanto, o MiniFlayer é um satélite atípico, pois não pode se esconder dentro das células.

Isso levanta a questão de como garantir que entre na célula ao mesmo tempo que seu “ajudante”. A solução inusitada encontrada pelo MiniFlayer foi se agarrar ao pescoço do MindFlayer, viajando com ele até encontrar uma nova célula.

Este fenômeno desafia o que se sabe sobre microbiologia e revela a capacidade dos vírus para adaptação por meio de estratégias complexas. Os pesquisadores, liderados por deCarvalho e Ivan Erill, biólogo computacional da Universidade de Maryland (UMBC), descrevem esse relacionamento como um tipo de carona viral, onde o MiniFlayer utiliza a maquinaria genética do MindFlayer para se proliferar.

A “virosfera”, como é chamado o universo dos vírus, é conhecida por sua complexidade e criatividade. MiniFlayer e MindFlayer exemplificam a natureza dinâmica e muitas vezes surpreendente dos microrganismos. Os vírus, como forças evolutivas, continuam a desafiar o conhecimento dos cientistas com sua capacidade de inovação e adaptação.

Enquanto os pesquisadores se esforçam para entender melhor essa interação, a descoberta destaca a diversidade e complexidade do mundo microscópico, oferecendo insights valiosos que podem eventualmente contribuir para avanços na terapia viral e compreensão mais profunda da evolução biológica.

Pedro Spadoni
Redator(a)

Pedro Spadoni é jornalista formado pela Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep). Já escreveu para sites, revistas e até um jornal. No Olhar Digital, escreve sobre (quase) tudo.