IA contesta visão de que asteroide matou os dinossauros

A IA foi alimentada com dados geológicos e climáticos da época e concluiu que a extinção dos dinossauros foi provocada por outro motivo
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 28/11/2023 14h43, atualizada em 01/12/2023 21h48
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O debate sobre o que causou a extinção dos dinossauros foi resolvido décadas atrás. Será mesmo? Até hoje, alguns (poucos) cientistas discordam da teoria de que o impacto de um asteroide teria matado os animais. E agora, a inteligência artificial se uniu a eles.

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Extinção dos dinossauros

  • A teoria aceita pela ciência é que a colisão de um asteroide com a Terra causou a extinção em massa dos dinossauros.
  • A cratera resultante desse impacto já foi identificada.
  • Além disso, fósseis do mesmo dia do dramático acontecimento foram encontrados.
  • No entanto, alguns defendem que, apesar do impacto ter sido devastador, a extinção dos dinossauros foi um processo lento e causado pelo desequilíbrio natural, resultado de atividades vulcânicas.
  • Eles destacam que 1,3 milhão de quilômetros cúbicos de basalto, conhecidos como armadilhas do Decão, foram depositados na mesma época.
  • E que as mudanças climáticas desencadeadas pelos gases que acompanharam as erupções tiveram papel preponderante na extinção.
(Imagem: Aunt Spray – Shutterstock)

De que lado da discussão está a IA?

Para responder a essa pergunta um estudante de pós-graduação da Universidade de Dartmouth, nos Estados Unidos, alimentou a IA com dados geológicos e climáticos da época, além de registros fósseis dos animais.

O sistema desenvolvido por Alex Cox e seu supervisor, Dr. Brenhin Keller, analisou as mudanças nos níveis de dióxido de carbono e dióxido de enxofre na atmosfera, e as consequências para a temperatura do planeta, durante um período de 2 milhões de anos antes e depois do fim do Cretáceo.

A tecnologia, então, chegou a 300 mil cenários diferentes e destacou qual deles é o mais provável de ter acontecido de fato. A conclusão foi que o impacto do asteroide fez relativamente pouca diferença para os níveis climáticos de carbono e enxofre na atmosfera, apesar de pode ter interrompido a cadeia alimentar de outras maneiras.

Além disso, a IA afirmou que as mudanças climáticas necessárias para uma extinção em massa provavelmente eram resultado da atividade vulcânica. O estudo foi publicado na revista Science.

Nosso modelo trabalhou com os dados de forma independente e sem viés humano para determinar a quantidade de dióxido de carbono e dióxido de enxofre necessária para produzir as interrupções climáticas e do ciclo do carbono que vemos no registro geológico.

Dr. Brenhin Keller, da Universidade de Dartmouth

Reações da comunidade científica

O estudo com a conclusão da IA sobre a extinção dos dinossauros foi criticado por cientistas. Eles alegam que a maneira como a questão foi formulada pode moldar a resposta da tecnologia.

Os especialistas também questionaram dados sobre as temperaturas globais inseridas no sistema. E lembraram que mesmo que o asteroide não afetasse tanto a composição atmosférica, ele ainda poderia ter causado a morte dos animais de outras maneiras.

As informações são da IFLScience.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.