O governo brasileiro já havia dado sinais de que planejava retomar o plano de fabricar chips semicondutores no país com o decreto que impede a extinção do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada S.A (Ceitec). Agora, um representante do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação confirma que o Brasil busca se inserir na cadeia global do produto.
Leia mais
- Brasil quer investir na produção de chips semicondutores
- Guerra dos chips: nova aposta da Huawei pode desbancar Nvidia
- Guerra dos chips: novas restrições dos EUA podem beneficiar a China; entenda
- Guerra dos chips: Huawei pode substituir Nvidia na China após novas restrições dos EUA
Em entrevista ao portal Tele.Síntese, o secretário de Ciência e Tecnologia para a Transformação Digital (Setad), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação afirmou que o governo brasileiro acredita que existe uma janela de oportunidade no mercado de chips. Henrique de Oliveira Miguel cita a forte dependência mundial da produção asiática e os movimentos de Europa e Estados Unidos para reverter o atual quadro.
Os novos investimentos na indústria de semicondutores para os próximos anos serão todos na Europa e EUA, não tem alternativa. Só que eles estão fazendo investimentos principalmente nas foundries, o que abre uma enorme janela de oportunidades tanto em projetos, quanto em back end, que o Brasil tem expertise.
Henrique de Oliveira Miguel, secretário de Ciência e Tecnologia para a Transformação Digital, do Ministério da Ciência, Tecnologia
Ele destaca que essa não é uma missão fácil. Mas que o Brasil tem capacidade de ingressar nesse mercado.
O momento que estamos vivendo hoje, pós-pandemia, é um momento oportuno, porque mostra o seguinte: não é só a questão geopolítica, é a dependência tecnologia, industrial e o acesso ao chip que pararam as indústrias. Imagino que o Brasil tem muitas oportunidades de estabelecer uma cadeia produtiva aqui, porque ao longo dos anos conseguimos implantar Design Houses. Nós temos patrimônio intelectual. E conseguimos estabelecer algumas empresas de back end.
Henrique de Oliveira Miguel, secretário de Ciência e Tecnologia para a Transformação Digital, do Ministério da Ciência, Tecnologia
Entre as possibilidades estudadas pelas autoridades brasileiras está a produção de chips de potência, para carros elétricos ou híbridos, de encapsulamento avançado ou de ampliação da capacidade da infraestrutura.
O CEITEC esta fazendo uma avaliação da situação real das máquinas para aprofundar os planos de negócios, definir qual seria o melhor caminho e parceria com o setor privado. Os ministérios MCTIC, MGI, Casa Civil e MDIC, vamos acompanhar. No nosso ministério a ministra gostou muito da proposta de transição energética, ela acha que pode ter um futuro interessante, com isso a gente pode entrar em um programa de casa popular, oferece painel, sistema de controle. Movimentar a cadeia.
Henrique de Oliveira Miguel, secretário de Ciência e Tecnologia para a Transformação Digital, do Ministério da Ciência, Tecnologia
Setor é alvo de intensas disputas mundiais
Atualmente, o mercado de chips semicondutores é dominado por Taiwan e Coreia do Sul. Mas nos últimos anos a China tem investido pesado no setor, o que gera preocupações no governo dos Estados Unidos e de países europeus.
Para evitar o desenvolvimento da tecnologia chinesa e uma dependência de Pequim, várias sanções foram anunciadas contra a China. Essa disputa ficou conhecida como a “guerra dos chips“.
A Casa Branca anunciou uma série de medidas que proíbem que o governo chinês importe os chips mais avançados, mas também adquira os insumos para desenvolver seus próprios semicondutores e supercomputadores avançados, e até mesmo dos componentes, tecnologia e software de origem americana que poderiam ser usados para produzir equipamentos de fabricação de semicondutores para, eventualmente, construir suas próprias fábricas para fabricar seus próprios chips.
Nesse cenário, a entrada do Brasil no mercado pode acabar suprindo a demanda deixada pelas restrições aos chineses.
Importância dos chips semicondutores
- Nos últimos anos, os chips semicondutores se tornaram uma força vital da economia moderna e o cérebro de todos os dispositivos e sistemas eletrônicos, de iPhones até torradeiras, data centers a cartões de crédito.
- Um carro novo, por exemplo, pode ter mais de mil chips, cada um gerenciando uma operação do veículo.
- Os semicondutores também são a força motriz por trás das inovações que prometem revolucionar a vida no próximo século, como a computação quântica e a inteligência artificial, como o ChatGPT, da OpenAI.