Um adesivo inovador que promete uma forma eficaz e indolor de combater o vírus Zika está sendo desenvolvido na Austrália. O sistema, que utiliza a tecnologia de microarranjo de alta densidade (HD-MAP), pode ser um importante avanço na vacinação contra a doença, conforme revelado em um estudo publicado na revista científica Molecular Therapy Nucleic Acids.
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Pesquisadores da Universidade de Queensland e da Universidade de Adelaide, em parceria com a empresa Vaxxas, afirmam que atualmente o vírus representa um grande risco para pessoas em todo o Pacífico, Sudeste Asiático, Índia, África e América do Sul, inclusive no Brasil.
Podemos mudar a forma como combatemos o vírus Zika com o adesivo HD-MAP porque é um método de vacinação eficaz, indolor, simples de aplicar e fácil de armazenar.
Pesquisador da Vaxxas, Dr. Danushka Wijesundara.
Proteção rápida contra o vírus Zika
Segundo o pesquisador, o adesivo fornece a vacina diretamente às células imunológicas abaixo da superfície da pele por meio de microprojeções minúsculas.
Durante os ensaios pré-clínicos, o adesivo mostrou proteção rápida contra o vírus Zika vivo, direcionando uma proteína específica chamada NS1, crucial para a sobrevivência do vírus.
Além disso, as respostas de células T evocadas pelo adesivo foram cerca de 270% maiores do que as obtidas por meio da administração tradicional de vacinas com agulha ou seringa.
Necessidade da vacina
O vírus Zika, embora geralmente cause uma doença “leve”, apresenta riscos graves durante a gravidez, podendo causar aborto espontâneo, natimortos ou malformações congênitas nos bebês.
Sendo assim, a propagação do vírus em várias partes do mundo, reforça a necessidade de uma vacina eficaz, a tornando crucial.
Em 2016, a OMS declarou uma Emergência de Saúde Pública Internacional devido à disseminação do vírus em 40 países da América Latina, resultando em mais de 1,5 milhão de casos em seis meses.
Redução de riscos e eficácia para outros vírus
A Professora Branka Grubor-Bauk, da Universidade de Adelaide, destaca a singularidade da vacina, que direciona uma proteína interna do vírus, reduzindo o risco de agravar sintomas de vírus relacionados, como a dengue. Atualmente, não há vacina licenciada contra o vírus Zika.
Por outro lado, David Muller, da Escola de Química e Biociências Moleculares da UQ, destaca que a tecnologia também abre caminho para abordar outros tipos de doença.
Como a proteína que visamos desempenha um papel central na replicação de uma família de vírus conhecida como flavivírus, existe o potencial de aplicar nossa abordagem para atingir outros flavivírus, como a dengue ou a encefalite japonesa.
David Muller, da Escola de Química e Biociências Moleculares da UQ.
Além disso, a estabilidade da vacina em temperaturas elevadas é um benefício adicional do adesivo HD-MAP, permitindo o armazenamento a 40°C por até quatro semanas.