No centro da Via Láctea, existe uma turbulenta nuvem escura chamada “The Brick” que vem confundindo os astrônomos há algumas décadas. Isso porque a região parece ser perfeita para formar estrelas, mas isso não foi observado por lá. No entanto, agora observações realizadas pelo Telescópio Espacial James Webb revelaram o que está acontecendo.
Para quem tem pressa:
- Até então os astrônomos não sabiam explicar ao certo o motivo da nuvem ser ideal para a formação de estrelas, mas isso não acontecer lá;
- Com as observações do James Webb foram encontradas mais evidências para esse paradoxo;
- No entanto, um detalhe revelou que é porque o centro da The Brick é quente demais para formação estelar
Apesar de existirem cerca de 56 mil estrelas na The Brick, os astrônomos esperavam que a formação estelar na nuvem fosse maior, visto que o objeto possui cerca de 60 milhões de massas solares. Até então existiam algumas hipóteses do que poderia estar acontecendo, como a nuvem ser muito turbulenta ou a presença de fortes campos magnéticos que impedem que novas estrelas se formem, mas as observações revelaram outro motivo.
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Observações da The Brick pelo James Webb
Os pesquisadores por trás do estudo publicado recentemente no The Astrophysical Journal observaram a emissão de monóxido de carbono na forma de gelo vindo do centro da nuvem, mas esse não é o motivo pelo qual as estrelas não estão se formando. Na verdade, a formação estelar acontece a partir do gás frio, por ser quando ele se condensa em uma região, até que eventualmente colapsa sob a gravidade e dá origem a uma nova estrela.
Assim, a presença de gelo deveria significar baixas temperaturas na nuvem, e consequentemente estrelas se formando.
No entanto, além do gelo, também foi observado que o gás no centro da The Brick era mais quente, o que pode explicar a falta de novas estrelas surgindo. Mas os pesquisadores apontam que isso é apenas o começo das pesquisas que serão realizadas com as observações do James Webb da nuvem. Novos estudos, como descobrir a presença de CO, água, CO₂, moléculas complexas e outras propriedades químicas do local, podem permitir entender como esses objetos progridem ao longo do tempo.
Com o JWST, estamos abrindo novos caminhos para medir moléculas na fase sólida (gelo), enquanto antes estávamos limitados a observar gases. Esta nova visão nos dá uma visão mais completa de onde as moléculas existem e como elas são transportadas.
Adam Ginsburg, líder da pesquisa, em comunicado