Um artigo disponível no servidor de pré-impressão arXiv relata descobertas intrigantes sobre a formação de planetas ao redor de estrelas na Nebulosa da Lagosta, feitas pelo Telescópio Espacial James Webb (JWST), da NASA.

Para quem tem pressa:

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  • Cientistas querem compreender todos os aspectos da formação de sistemas planetários;
  • Para isso, é necessário observar o processo em ambientes variados;
  • Isso acaba se tornando difícil, pois eles acabam obscurecidos pela poeira cósmica ou estão em regiões de condições extremas;
  • Assim, uma equipe de pesquisadores resolveu usar o Telescópio James Webb – único com tais capacidades – para examinar uma nebulosa próxima;
  • Eles escolheram a Nebulosa da Lagosta, devido às condições que ela apresenta, que a tornam um modelo ideal de ambiente extremo.

A ideia de que uma nebulosa estelar entra em colapso para dar origem a uma estrela foi inicialmente sugerida por James Jeans, um astrônomo inglês, nos início do século passado.

Desde então, avançamos na compreensão desse processo, acompanhando não apenas o nascimento das estrelas, mas também sua evolução e fim. Sabemos que estrelas jovens frequentemente possuem discos de material ao seu redor, os quais podem se transformar em planetas.

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Representação artística do Telescópio Espacial James Webb no espaço. Crédito: Dima Zel – Shutterstock

Nebulosa da Lagosta: o alvo certo do Telescópio James Webb

Para entender todos os aspectos da formação de um sistema planetário, é importante estudá-los em seus variados ambientes. No entanto, infelizmente esses sistemas não são muito comuns e muitas vezes acabam obscurecidos pela poeira cósmica, o que dificulta a observação. Além disso, muitos sistemas jovens surgem em áreas com altos níveis de radiação UV, como a região massiva de formação estelar conhecida como NGC6357.

Também chamada de Nebulosa da Lagosta, ela é um exemplo notável de um berçário estelar. Localizada na constelação de Escorpião, a uma distância relativamente curta de 6.000 anos-luz da Terra, essa região é um ambiente ideal para observar a formação planetária.

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Foi o que pensou uma equipe de pesquisadores do Instituto Max Planck de Astronomia, que utilizou o JWST para investigar profundamente essa nebulosa, focando em 15 discos em três áreas distintas. Eles concentraram seus estudos no disco conhecido como XUE 1, explorando sua região interna, a até 10 unidades astronômicas (UA) de distância da estrela central (cada UA equivale a cerca de 150 milhões de quilômetros).

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Os resultados apontam para a presença de água, monóxido de carbono, cianeto de hidrogênio e acetileno a menos de 1 UA da estrela, algo que apenas James Webb poderia identificar. Essas moléculas estão presentes nas regiões internas do disco, onde planetas similares à Terra poderiam se formar, mesmo em um ambiente extremamente desafiador.

A descoberta sugere que as condições para a formação de planetas rochosos são tão viáveis em regiões de alta formação estelar quanto em áreas de baixa massa. Além disso, foi identificado o início do crescimento de grãos de poeira, estruturas que podem eventualmente dar origem a planetas em sistemas com meio milhão de anos de idade.

Esses achados indicam que a formação planetária pode estar avançada ou de fato ter ocorrido em ambientes extremos como esse.