Provavelmente, você já deve ter ouvido falar do El Niño. Esse fenômeno é considerado como um dos responsáveis pelas ondas de calor extremo e por eventos climáticos de grandes proporções registrados em 2023. No entanto, a ciência ainda sabe relativamente pouco sobre o que causa o El Niño. Entendimento que pode melhorar a partir da publicação de estudos de pesquisadores de Innsbruck, na Áustria.

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El Niño

  • O El Niño é caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico.
  • Esse fenômeno climático costuma provocar tempestades mais frequentes e intensas nas costas ocidentais da América do Norte e do Sul.
  • Ao mesmo tempo, causa secas no sul da África e da Ásia.
  • Essas ocorrências costumam durar de nove a doze meses, em média, mas são difíceis de prever.
  • Além disso, não têm um padrão muito bem definido.
  • As informações são da IFLScience.
Mapa das Américas com fenômeno climático El Niño destacado nos oceanos
El Niño (Imagem: Reprodução/MetSul)

Novas descobertas

O que exatamente causa o El Niño ainda é um mistério, mas os cientistas têm suspeitas. Uma das teorias mais bem aceitas é de que o chamado “mecanismo de gangorra bipolar” é responsável pelos fenômenos climáticos. Já a possibilidade de existir uma ligação com o ciclo magnético do Sol conta com menos adeptos.

Mas agora, dois estudos publicados nas revistas The Innovation Geoscience e Geophysical Research Letters podem apresentar respostas importantes sobre o assunto. Os pesquisadores sugerem que são as mudanças na Circulação Meridional do Atlântico (AMOC), um grande sistema de correntes oceânicas que transportam água quente dos trópicos para o Atlântico Norte, que governam as mudanças climáticas no hemisfério Sul.

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Esse conceito postula que um colapso da AMOC bloquearia o fluxo de calor para o norte, com calor deixado para se acumular no Hemisfério Sul. À medida que a AMOC se estabiliza, o fluxo para o norte seria retomado, causando resfriamento no Hemisfério Sul.

Estudo publicado na revista The Innovation Geoscience

O problema, segundo os próprios pesquisadores, é que os registros climáticos do Pacífico não se alinham com os do Atlântico. Dessa forma, um novo mecanismo surge para tentar explicar este cenário.

A teoria chamada de “interruptor de Walker” propõe que, se houver aquecimento sobre todos os trópicos, o Pacífico aquecerá mais no oeste do que no leste, uma vez que a forte ressurgência e a divergência de superfície no leste movem parte do polo de calor. Mas, em alguns casos, continuam os pesquisadores, essa relação termostática pode ser enfraquecida quando há muita radiação do sol.

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Os estudos apontam que, embora o conceito de “interruptor de Walker” seja muito difícil de provar, há evidências sólidas do fenômeno. Novas pesquisas precisam ser feitas para desvendar alguns mistérios do El Niño. Mas os trabalhos mais recentes dão esperança de que podermos prever com maior exatidão a frequência e intensidade desses fenômenos climáticos no futuro.