Butantan inicia produção da vacina contra a gripe para 2024

A fabricação das 80 milhões de doses destinadas a proteger os brasileiros contra a gripe começou em setembro, após o anúncio da OMS.
Por Estella Abreu, editado por Bruno Ignacio de Lima 06/12/2023 03h20
Campanha de vacinação contra a gripe influenza começou nesta segunda-feira
Imagem: Reprodução/Secretaria da Saúde do RS
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Enquanto muitos de nós apenas aguardamos a temporada de vacinação contra a gripe, há um local no qual a defesa contra esse vírus é meticulosamente elaborada: a Fábrica da Influenza, do Instituto Butantan.

Para o processo acontecer, o trabalho começa antes do amanhecer, onde especialistas se reúnem para receber as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).

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Neste ano, a fabricação das 80 milhões de doses destinadas a proteger os brasileiros contra as complicações da gripe iniciou em setembro, após o anúncio da OMS.

No mês de início da campanha nacional de imunização, os esforços precisam começar simultaneamente em todos os estados do país. Por isso, tudo precisa ser milimetricamente calculado e organizado para que as primeiras entregas ao Ministério da Saúde aconteçam ainda em março. A produção da Influenza é uma engenharia complexa, pois nada pode sair do previsto.

Diretor técnico de produção do Butantan, Douglas Macedo.

Segundo ele, são meses de trabalhos intensos, com colaboradores trabalhando 24 horas por dia para processar os mais de 500 mil ovos (matéria-prima utilizada para o desenvolvimento da vacina).

Evolução do vírus Influenza

Todo ano, a equipe responsável pela vacina da gripe atualiza o composto para manter sua eficácia.

Em alguns casos, ela permanece inalterada, mas, em outros momentos, a equipe introduz alterações em uma, duas ou até três cepas, devido à rápida evolução e multiplicação do vírus, gerando mutações frequentes.

Essas evoluções são naturais. Elas podem tanto apontar uma eficácia das vacinas aplicadas nas campanhas anteriores, como uma eficácia de infecção pelo novo vírus. É uma dinâmica bastante complexa.

Gerente de Desenvolvimento e Inovação de Produtos do Butantan, Paulo Lee Ho.

Sendo assim, a OMS realiza um monitoramento contínuo global para compreender quais vírus Influenza estão mais prevalentes em cada um dos hemisférios.

vacina influenza
(Imagem: Instituto Butantan)

Composição da vacina

Até o momento, a vacina sempre incorpora dois vírus do subtipo A, atualmente identificados como H1N1 e H3N2. Esses vírus são encontrados em diversas espécies de animais e conseguem infectar humanos, sendo responsáveis por grandes pandemias.

Além desses, existem outros vírus da gripe originados em animais que podem infectar pessoas e causar doenças graves. Por exemplo, a H5N1 tem afetado muitas aves silvestres recentemente.

A vacina inclui ainda um vírus do tipo B, que atualmente é da linhagem Victoria. Esse vírus afeta apenas as pessoas e pode causar surtos em determinadas épocas. Por isso, chamamos as vacinas de “trivalentes”.

Durante a fabricação do imunizante, cada uma dessas cepas dará origem a um monovalente, que deve ser produzido individualmente por questões de qualidade e segurança.

No entanto, existe, também, as vacinas quadrivalentes, até o momento disponíveis apenas na rede privada de saúde, que incluem uma cepa extra do tipo B, da linhagem Yamagata.

Vacina atual

A fabricante espera que, em fevereiro de 2023, as primeiras doses da vacina atualizada sejam preparadas e embaladas, para chegar ao Ministério da Saúde no mês seguinte.

A campanha nacional de vacinação contra a gripe começa em abril e visa vacinar 90% dos grupos prioritários, que incluem crianças, gestantes, idosos, trabalhadores da saúde e pessoas com comorbidades.

Redator(a)

Estella Abreu é estudante de jornalismo no Centro Universitário Braz Cubas e redatora no Olhar Digital.

Bruno Ignacio de Lima
Colaboração para o Olhar Digital

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Com 10 anos de experiência, é especialista na cobertura de tecnologia e conteúdo perene. Atualmente, é colaborador no Olhar Digital.