A Universidade de São Paulo (USP) continua participando da 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que acontece em Dubai, nos Emirados Árabes, até o dia 12 de dezembro.

Durante o evento, a universidade está apresentando diversos estudos sobre maneiras naturais de reduzir emissões de carbono, buscando amenizar os efeitos do aquecimento global.

publicidade

Na Universidade de Sharjah, pesquisadores da USP apresentaram estudos brasileiros em áreas específicas, e as duas instituições formalizaram um acordo de cooperação científica.

As informações são do Jornal da USP.

publicidade

Leia mais:

Desenvolvimento sustentável

A professora Patrícia Iglecias, da USP, falou sobre como a ciência é crucial para o desenvolvimento sustentável.

publicidade

Além disso, ela também ressaltou a importância de criar colaborações para compartilhar práticas e atividades científicas em escala global.

As atividades econômicas devem ser orientadas por valores éticos face aos potencialmente afetados por elas. Já há uma tendência para que os indicadores econômicos sejam valorizados pelos impactos sociais e ambientais. Para falar de sustentabilidade e de economia, é crucial abordar soluções que tenham em conta as emissões, olhar para o desenvolvimento de projetos que possibilitem uma economia de baixo carbono.

Professora Patrícia Iglecias, da USP.

Situação da Mata Atlântica

Os participantes discutiram a situação das florestas brasileiras, com foco na Mata Atlântica, como um dos principais assuntos abordados.

publicidade

A professora Fernanda Brando, em seu projeto de pesquisa, destaca a fragilidade das normas que beneficiam a sociobiodiversidade local para ilustrar essa relação.

Sobretudo, ela considera crucial a colaboração entre a sociedade civil, academia e órgãos públicos para fortalecer essas regulamentações.

Um dos bioprodutos estudados é a juçara (Euterpe edulis), fruto de uma palmeira semelhante ao açaí amazônico. Essa espécie, por exemplo, enfrentou ameaças de extinção devido à extração ilegal na Mata Atlântica, realizada pela população tradicional.

Brando destaca que a exploração sustentável da floresta deve promover o desenvolvimento econômico e social local.

Nossas estratégias são promover a valorização dos produtos e apoiar organizações comunitárias locais, conectando pesquisadores, povos tradicionais, comunidade, gestores e estudantes, procurando entender todas as perspectivas e a contribuição de todos para isso.

Professora Fernanda Brando, da USP.

Para a professora, o Acordo de Cooperação entre a USP e a Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, fruto prático da pesquisa, é essencial para debater políticas públicas e crucial para a conservação ambiental.

“O mais importante é desenvolver boas políticas públicas que possam preservar, proteger os produtos e as pessoas no seu território”, apontou.

Sequestro de carbono na agricultura

A FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) afirma que, nos últimos 70 anos, houve uma diminuição drástica no nível de nutrientes nos alimentos, resultando na fome oculta de cerca de 2 bilhões de pessoas em todo o mundo.

Além disso, 33% dos solos em todo o planeta estão degradados, sendo as camadas superiores da terra responsáveis por fornecer 15 dos 18 elementos químicos essenciais para as plantas.

O relatório aponta que a produção agrícola precisará aumentar em 60% para atender à demanda global por alimentos em 2050. No entanto, destaca que esse patamar só poderá ser alcançado com o manejo sustentável.

O professor Carlos Eduardo Cerri, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, destaca que a agricultura, pecuária e silvicultura não apenas são fundamentais para a segurança alimentar do planeta, mas também têm o potencial de serem parte da solução nas mudanças climáticas globais.

Cerri ressalta uma vantagem única desses setores em comparação com outros, como energia, indústria e transporte: a capacidade de sequestrar carbono da atmosfera e não só colaborar para a redução das emissões de gases.

O nosso setor deve reduzir as emissões, mas consegue também o sequestro do carbono, intermediado pelas plantas naturalmente na fotossíntese. A planta serve de alimento para animais, para as pessoas, para o biocombustível e quando o carbono do tecido vegetal sofre decomposição por microrganismos no solo e se estabiliza pode ficar ali por séculos.

Professor Carlos Eduardo Cerri, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP.
Vista a´rea de parte da Floresta Amazônica. Crédito: Nelson Antoine – Shutterstock

Cerri, coordenador do recém-criado Centro de Estudos de Carbono em Agricultura Tropical (CCarbon) da USP, destaca a importância de pesquisas científicas em escala molecular, que buscam entender como os organismos do solo podem sequestrar mais carbono, inclusive atingindo raízes profundas.

Investigamos desde a escala molecular até escalas de médio porte, chegando a estudos sobre biomas inteiros. Analisamos seis biomas diferentes no Brasil e temos parcerias com países africanos e europeus para compartilhar experiências, ferramentas e equipamentos.

Hidrogênio renovável

A USP apresentou outro estudo sobre o potencial do hidrogênio renovável para a transição energética.

O professor Julio Romano Meneghini, do Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI) da Escola Politécnica (EP-USP), divulgou o projeto da primeira estação experimental mundial de abastecimento de hidrogênio renovável a partir de etanol.

O Brasil possui um potencial único de colaborar para a transição energética com o hidrogênio renovável, a partir da cana, a planta mais eficiente na transformação de energia solar em carbono renovável.

Professor Julio Romano Meneghini, do Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI) da Escola Politécnica (EP-USP)

Acordo de cooperação com a Universidade de Sharjah

A USP também firmou um acordo de cooperação com a Universidade de Sharjah, nos Emirados Árabes. Desse modo, o acordo prevê:

  • Promoção de pesquisas e atividades acadêmicas e culturais nas áreas de sustentabilidade;
  • Conferências e eventos científicos e culturais;
  • Facilitar o intercâmbio de informações e de publicações acadêmicas, por meio de cursos e disciplinas compartilhadas.