Cura para malária pode estar mais longe do que se pensava, diz estudo

Doença mata milhares de pessoas em todo mundo e há tratamento apenas quando detectado em estágios iniciais
Por Vitoria Lopes Gomez, editado por Lucas Soares 08/12/2023 04h00
Mosquito que transmite malária picando uma pessoa
Mosquito que transmite malária (Imagem: ArtsyBee/Pixabay)
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Pesquisadores norte-americanos pensavam ter descoberto uma cura para a malária, mas novas descobertas revelaram que esse panorama pode ser mais desafiador do que acreditavam. Eles achavam que um tipo sanguíneo específico oferecia uma proteção contra infecção, mas testes recentes mostraram que, na verdade, o tipo só dificultava a detecção da doença.

A descoberta vem em um contexto em que a malária volta a se espalhar pelos Estados Unidos. Segundo o site Medical Xpress, a doença era comum no estado de Ohio, mas novos casos foram detectados no Texas e na Flórida após 20 anos, sugerindo a transmissão.

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Infecção da malária

A malária é uma doença infecciosa causada por protozoários do gênero Plasmodium e transmitida pela picada da fêmea infectada do mosquito do mosquito-prego.

De acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil, os casos da doença se concentram na região amazônica, nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. 

A malária tem tratamento com medicamentos se for diagnosticada cedo, mas casos mais avançados ainda são difíceis. Nos Estados Unidos, esses casos avançaram e tendem a continuar aumentando com as mudanças climáticas. É aí que a pesquisa dos norte-americanos entra.

Malária
Vacina contra malária já está em desenvolvimento (Imagem: shutterstock/joel bubble ben)

Pesquisa para cura da doença

  • Os pesquisadores associavam um tipo sanguíneo específico a mutações genéticas que impediam a malária, mas agora descobriram que não é bem assim. Na verdade, a nova proposta é que a doença encontrou outras formas de entrar nas células.
  • O estudo analisou um grupo sanguíneo chamado de Duffy, que tem a ver com as práticas de transfusões.
  • As pessoas negativas para essa característica têm uma mutação em um código de DNA que faz com que a proteína Duffy não seja expressa nos glóbulos vermelhos, associados aos transporte de oxigênio pelo corpo. Isso estaria associado à dificuldade de infecção pelo protozoário da malária.
  • No entanto, eles descobriram que as pessoas negativas também têm essas proteínas, mas que elas são mais difíceis de detectar. Nos ensaios, a infecção não foi diagnosticada por um teste microscópico normal, mas somente por um especial.

Conclusões e tratamento da malária

Eles concluíram que mesmo as pessoas com determinados genes sanguíneos podem contrair a malária, ao contrário do que se acreditava, mas que o diagnóstico não se dá pelas formas mais simples, como exames de sangue comuns.

Isso mostra que não há um gene que impeça a infecção pelo parasita da malária, e faz com que os pesquisadores tenham que voltar atrás para desvendar novas alternativas de combater a doença.

Vitória Lopes Gomez é jornalista formada pela UNESP e redatora no Olhar Digital.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.

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