Existe um vácuo de responsabilidade em relação ao piloto automático (Autopilot) da Tesla. É o que apontaram reportagens publicadas pelo The Washington Post. Segundo o jornal, motoristas que dirigem os carros elétricos da empresa ignoram com frequência as orientações da marca sobre onde e como usar o piloto automático.

Para quem tem pressa:

  • Reportagens do The Washington Post apontam que motoristas da Tesla frequentemente ignoram as orientações da empresa sobre o uso correto do piloto automático (Autopilot), resultando em vários acidentes fatais e processos judiciais;
  • Há diversos casos de acidentes graves e fatais envolvendo o Autopilot da Tesla em locais onde não foi projetado para ser usado, como estradas rurais. Um exemplo é o acidente fatal em Key Largo, Flórida (EUA), no qual o motorista de um Tesla estava distraído e o carro estava no piloto automático;
  • A Tesla afirma que não é responsável pelos acidentes envolvendo o Autopilot, argumentando que a responsabilidade final pelo controle do veículo recai sobre o motorista. A empresa não comentou especificamente sobre os acidentes citados pelo jornal;
  • Apesar das solicitações do Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB) dos EUA para implementar limites na ativação da tecnologia de assistência ao motorista, a Administração Nacional de Segurança no Trânsito Rodoviário (NHTSA) ainda não impôs regulamentações significativas nesse sentido.

Ainda de acordo com o veículo, isso resultou em anos de acidentes fatais, processos judiciais e investigações, mas sem regulamentação com impacto significativo. A Tesla não comentou sobre o assunto.

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Em processos judiciais e declarações públicas, a empresa de Elon Musk tem afirmado repetidamente que não é responsável por acidentes envolvendo o Autopilot, pois a responsabilidade final pelo controle do veículo recai sobre o motorista.

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Acidentes e Autopilot da Tesla

Tesla Model 3 filma acidente impressionante
(Imagem: Reprodução/YouTube)

Dillon Angulo e Naibel Benavides Leon sofreram um trágico acidente em Key Largo, Flórida, quando um Tesla no piloto automático colidiu com eles a cerca de 110 km/h. O acidente resultou na morte de Benavides Leon e ferimentos graves em Angulo.

O motorista do Tesla, em estado de choque, revelou à polícia que estava usando o piloto automático e distraiu-se ao tentar pegar seu telefone caído. O acidente ocorreu numa estrada rural, onde a tecnologia Autopilot da Tesla não foi projetada para ser usada.

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Filmagens da câmera do painel do Tesla mostram o carro ignorando sinais de trânsito e advertências, indicando que o acidente foi parte de um problema maior com o uso inapropriado do Autopilot. O jornal identificou pelo menos oito acidentes fatais ou graves envolvendo o Autopilot em locais inadequados para seu uso.

A Tesla tem reconhecido em seus manuais e comunicações que o Autosteer, um recurso principal do Autopilot, é destinado a estradas com características específicas e que pode falhar em estradas com colinas ou curvas fechadas. No entanto, a empresa não tomou medidas significativas para limitar o uso do Autopilot por geografia.

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Processos e investigações

Após um acidente fatal em 2016, o Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB, na sigla em inglês) dos EUA solicitou limites na ativação da tecnologia de assistência ao motorista.

Porém, como o NTSB não tem poder regulatório, a responsabilidade recai sobre a Administração Nacional de Segurança no Trânsito Rodoviário (NHTSA), que até agora não implementou regulamentações nesse sentido.

Jennifer Homendy, presidente do NTSB, criticou a falta de ação da NHTSA, afirmando que a inação da agência reflete uma “verdadeira falha do sistema” e questionando a prioridade da Tesla em relação à segurança.

A NHTSA respondeu que verificar o uso adequado de sistemas como o Autopilot é complexo e exige muitos recursos. O órgão acrescentou que está focado em garantir que os motoristas estejam plenamente envolvidos ao usar sistemas avançados de assistência à direção.