Um dos maiores enigmas do mundo talvez seja a percepção sobre o tempo e o espaço. Diversos cientistas espalhados ao redor do planeta já se debruçaram sobre o tema. E alguns deles defendem que o idioma que falamos pode influenciar diretamente essa questão.

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Culturas diferentes

  • De acordo com esses pesquisadores, pensar no sistema escrito da esquerda para a direita ou da direita para a esquerda (caso do árabe e hebraico) pode interferir no modo como as pessoas encaram o tempo e o espaço.
  • Além disso, eles acreditam que a linguagem pode limitar essa compreensão.
  • Na maioria das línguas, o passado é explicado como algo que já passou e que não pode ser modificado.
  • Já o futuro está por vir e ainda está sendo construído.
  • No entanto, para o povo indígena aimará, que vive em regiões do Peru, Bolívia, Argentina e Chile, o passado está à frente e o futuro atrás.
  • Outro exemplo é a língua falada por Pormpuraaw, uma remota comunidade aborígene da Austrália que não usa as palavras “esquerda” ou “direita” e sim “leste” ou “oeste”. 
  • Para eles, o tempo flui da esquerda para a direita quando se está voltado para o sul, da direita para a esquerda quando se está voltado para o norte, em direção ao corpo quando se está voltado para o leste e para longe do corpo quando se está voltado para o oeste.
  • As informações são da IFLScience.

Falar mais do que um idioma muda a percepção

Em 2017, linguistas realizaram um estudo que sugeria que falantes bilíngues podem pensar sobre o tempo de maneira diferente, dependendo do idioma que empregam. Línguas como o inglês tendem a usar distâncias físicas para explicar a duração dos eventos, enquanto idiomas como o grego medem o tempo referindo-se a quantidades físicas. Isso significa que o fluxo do tempo é percebido como um volume crescente, e não como uma distância percorrida.

Mas e se uma pessoa falar grego e inglês? Nesse caso, ela mudaria a forma como explica o movimento do tempo, dependendo do idioma em que fosse questionada.

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A teoria dos especialistas é que aprender um novo idioma faz com que a pessoa fique sintonizada com dimensões perceptivas das quais não tinha consciência antes. A linguagem pode infiltrar com facilidade nos nossos sentidos mais básicos, incluindo as nossas emoções, a nossa percepção visual, e nosso senso de tempo.

Outros fatores também poder ter influência sobre a percepção que uma pessoa tem em relação ao tempo. Segundo um estudo publicado na Nature Reviews Neuroscience, pessoas constantemente atrasadas veem o tempo de maneira diferenciada, por exemplo.

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A região do cérebro que processa alguns aspectos do tempo é o hipocampo. Os neurônios dessa área contribuem para nossa percepção e memória de eventos. Os especialistas acreditam que fazemos estimativas com base em quanto tempo achamos que levou para concluir aquela mesma tarefa no passado, mas nossas memórias e percepções nem sempre são precisas.

Neste ano, um outro artigo da Nature Neuroscience forneceu teorias de como o cérebro processa a passagem de tempo. De acordo com o trabalho, a percepção de tempo é descentralizada e flexível. Dessa forma, o órgão manteria o tempo dependendo de padrões regulares de atividade que se desenvolvem em grupos neurais conforme nos comportamos.

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Em resumo, não parece haver uma resposta apenas para a questão. E a bagagem linguística e cultural de uma pessoa pode mudar completamente a percepção sobre o tempo e o espaço.