A obesidade é uma doença crônica e pode ser considerada uma epidemia global, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Números de março de 2023 mostram que mais de um bilhão de adultos em todo o mundo estão acima do peso. Destes, 500 milhões são considerados obesos.

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A obesidade ainda não é considerada uma enfermidade por algumas pessoas. Mas a OMS alerta que ela é, sim, uma doença – e que pode levar a muitas outras, incluindo diabetes, hipertensão, problemas de coração e até um acidente vascular cerebral (AVC).

A Medicina oferece uma série de tratamentos, mas muitos deles são caros e invasivos. Você tem, por exemplo, o bypass gástrico (quando se diminui o tamanho do estômago por grampeamento) ou a inserção de um balão gástrico – que vem sendo menos utilizada. Só que são dois procedimentos cirúrgicos.

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Um grupo de cientistas trabalha agora numa opção menos agressiva e mais barata. E a ideia não partiu de médicos, mas sim de engenheiros do Departamento de Engenharia Mecânica do MIT, o Massachusetts Institute of Technology, uma das instituições mais renomadas do mundo.

Um remédio que vibra

Imagem: Ilustração contida no estudo do MIT

Imagine uma cápsula normal, do tamanho de um complexo de vitaminas, por exemplo. Só que dentro dela foi colocada uma minúscula bateria de óxido de prata (numa quantidade que não é nociva para o organismo).

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Ao chegar no estômago, os fluidos gástricos começam a dissolver esse remédio, acionando um mecanismo de vibração.

Calma! Você não vai sentir sua barriga mexendo. É um movimento de vibração natural do seu corpo, que o dispositivo vai acionar artificialmente.

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Essas vibrações ativam os mesmos receptores de quando seu estômago está distendido, criando uma sensação ilusória de saciedade. A mensagem que chega ao seu cérebro é de que você não precisa comer muito.

Testes em animais, por enquanto

Os pesquisadores monitoraram os níveis hormonais durante os períodos em que o dispositivo vibrava e descobriram que eles refletiam os padrões de liberação hormonal observados após uma refeição, mesmo quando os animais estavam em jejum.

Os pesquisadores testaram então os efeitos desse estímulo no apetite dos bichinhos.

E eles descobriram que quando a pílula foi ativada por cerca de 20 minutos antes de os animais receberem comida, eles consumiram 40% menos, em média, do que quando a pílula não foi ativada.

Os animais também ganharam peso mais lentamente durante os períodos em que foram tratados com a cápsula vibratória.

E nos humanos?

Ainda não há previsão para o início das próximas fases de testes. Os cientistas precisam, primeiro, arrecadar dinheiro para aumentar a capacidade de produção dessas cápsulas, permitindo assim os ensaios clínicos em humanos.

Tais estudos seriam importantes para saber mais sobre a segurança dos dispositivos. Além disso, os testes serviriam para determinar o melhor momento para tomar o remédio antes da refeição e com que frequência ele deveria ser administrado.

Os resultados obtidos até agora foram divulgados na revista Science.

A autora principal do estudo, Shriya Srinivasan, PhD no MIT e professora assistente de bioengenharia na Universidade de Harvard, disse estar animada com as descobertas.

“Isso poderia ser realmente interessante, pois forneceria uma opção que poderia minimizar os efeitos colaterais que vemos com outros tratamentos farmacológicos existentes. Para muitas populações, algumas das terapias mais eficazes para a obesidade são muito caras. Em escala, nosso dispositivo poderia ser fabricado com um preço bastante econômico.”

Mais informações no site do MIT.