Depois de um 2023 de trégua no preço dos alimentos e bebidas, o setor deve voltar a sofrer com a inflação em 2024. É o que avaliam economistas ouvidos pelo jornal Folha de São Paulo.

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E um dos culpados dessa alta é o fenômeno climático El Niño, que continua trazendo alterações significativas de tempo em todo o território brasileiro.

As ondas de calor que vivenciamos nos últimos meses, por exemplo, afetaram a agricultura. Na outra ponta, os fortes temporais de verão, acentuados pelo El Niño, também destroem algumas plantações. E isso deve se repetir.

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De acordo com boletim da Organização Meteorológica Mundial divulgado em novembro, há 90% de probabilidade de que o fenômeno climático, associado ao aumento das temperaturas mundiais, persista até abril de 2024.

Mais pobres são os que mais sofrem

Para o economista André Braz, do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), os mais prejudicados devem ser os mais pobres.

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“O receio é que o fenômeno possa afetar as safras, atrasando o plantio ou a colheita. O ano de 2024 não vai refletir o cenário de 2023, e isso vai pesar mais para as famílias de baixa renda. Os alimentos voltam para a cena. Se o mercado entende que haverá atrasos nas safras, começa a alterar suas expectativas”, analisou Braz.

O economista explicou que os mais simples gastam, proporcionalmente, uma parcela maior do salário com comida. Por esse motivo a inflação dos alimentos é mais sentida por eles.

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Carne mais cara também

Outro especialista ouvido pelo jornal Folha de São Paulo, Sergio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados, afirmou que há uma preocupação com o El Niño em safras como as de milho, soja e trigo, além de potenciais prejuízos à produção de hortifruti.

E como a ração animal é feita com base nesses grãos, a tendência é que a carne também fique mais cara neste ano. O economista ponderou, no entanto, que a alta não será tão exacerbada.

“Vai ter aumento de preços, mas não deve ser tão brutal como no último ciclo de alta.”

Quando ele diz “último ciclo”, Valle se refere aos anos de 2020, 2021 e 2022, quando a inflação de alimentos chegou a subir quase 20% somente no primeiro ano da pandemia.

O surto global de Covid-19 foi um dos motivos para esse aumento dos preços, além dos problemas climáticos e, mais recentemente, a Guerra na Ucrânia.

As informações são do jornal Folha de São Paulo.