Pesquisadores descobrem velocidade do vento de Júpiter diretamente da Terra; veja como

Instrumento localizado em observatório no norte do Chile é responsável por monitorar exoplanetas e desvendou a atmosfera do planeta
Por Vitoria Lopes Gomez, editado por Rodrigo Mozelli 04/01/2024 19h32
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Imagem: Vitória Lopes Gomez (gerada com IA)/Olhar Digital
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Um instrumento projetado para estudar exoplanetas localizado no norte do Chile conseguiu desvendar a velocidade do vento de Júpiter. O objeto pertence ao Observatório Europeu do Sul (ESO) e mostrou nossa capacidade de monitorar atmosferas distantes diretamente de nosso próprio planeta.

O espectrógrafo chamado ESPRESSO (sigla para Echelle SPectrograph for Rocky Exoplanets and Stable Spectroscopic Observations) foi montado no Very Large Telescope (VLT) da ESO com o objetivo de caçar exoplanetas ou planetas de fora do nosso Sistema Solar. A intenção é estudar corpos celestes e identificar mudanças na luz estelar que possam indicar a existência de um exoplaneta.

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Como foi a descoberta dos ventos de Júpiter

O estudo usou técnica chamada velocimetria Doppler, que foi aplicada à luz solar refletida pelas nuvens do maior planeta de nosso Sistema Solar.

Isso aconteceu durante cinco horas em julho de 2019, quando a equipe do telescópio VLT apontou o instrumento para a zona equatorial de Júpiter, onde as nuvens estão em altitude mais elevada, são mais escuras e mais quentes.

Medindo a mudança no comprimento de onda da luz refletida pelo planeta em comparação com o telescópio na Terra, foi possível calcular a velocidade das nuvens e do vento de lá, explicou o Phys.org.

Pesquisadores desvendaram a atmosfera de Júpiter diretamente do Chile (Imagem: Reprodução/Pedro Machado)

Resultados

O ESPRESSO conseguiu medir com sucesso os ventos em Júpiter, além de fazer outras descobertas:

  • Os ventos no planeta variam de 60 a 428 km/h;
  • Além disso, a atmosfera de Júpiter no nível das nuvens contém amoníaco, hidrossulfureto de amônio e água, responsáveis pelas faixas vermelhas e brancas vistas de longe;
  • O estudo também afirmou que as nuvens superiores ficam em zona de pressão de 0,6 a 0,9 bar e são formadas por gelo de amônia, que influenciam na dinâmica da atmosfera do planeta.

As descobertas ajudam a desvendar os fenômenos atmosféricos de Júpiter, além de mostrar como já é possível observar planetas a anos-luz de distância de nosso próprio quintal.

O Space.com ainda destaca como a mesma técnica pode ser aplicada para conhecer ainda mais fenômenos no Universo, como estudar a mesma dinâmica em Saturno.

Vitória Lopes Gomez é jornalista formada pela UNESP e redatora no Olhar Digital.

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.

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