Apesar de “Barbie”, cineastas mulheres seguem sendo minoria em Hollywood

Relatório indica que as promessas dos grandes estúdios de apoiar a inclusão de mulheres na indústria foram apenas "atos performativos"
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Lucas Soares 08/01/2024 20h15, atualizada em 19/01/2024 16h59
Greta-Gerwig-1
Imagem: DFree/Shutterstock
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Apesar do sucesso de bilheteria de filmes como Barbie, de Greta Gerwig, e O Urso do Pó Branco, de Elizabeth Banks, as cineastas mulheres continuam tendo muito menos oportunidades em Hollywood em relação aos homens. Ao mesmo tempo, os grandes estúdios também não cumpriram as promessas de dar mais espaço para pessoas negras.

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Promessas vazias de Hollywood

  • As conclusões fazem parte de um novo relatório da Iniciativa de Inclusão da USC Annenberg.
  • Segundo o documento, as promessas da indústria do entretenimento de apoiar a inclusão foram “atos performativos” e “não passos reais para promover mudanças”.
  • O levantamento indica que, apesar do enorme sucesso de bilheteria de Barbie, que é comandado por uma mulher e discute exatamente as diferenças de gênero, os estúdios ainda dão maior destaque para diretores homens.
  • Os números comprovam isso: do total de 116 diretores ligados aos 100 filmes nacionais (dos EUA) de maior bilheteria em 2023, apenas 14 (ou 12,1%) eram mulheres.
  • E somente quatro mulheres negras (3,4%) comandaram alguma dessas produções.
  • As informações são da Variety.

Desigualdade de oportunidades é uma realidade

A Universal Pictures contratou quatro diretoras, o maior número entre as distribuidoras. Seguiram-se a Lionsgate e a Disney, que contrataram três cineastas e duas cineastas, respectivamente.

Nos últimos 17 anos, um total de 27 mulheres (9,2%) foram contratadas pela Universal Pictures para dirigir grandes lançamentos nos cinemas. Na sequência aparece a Warner Bros (6,6%), Sony Pictures (6,3%) e Walt Disney Studios (6,1%). A Paramount Pictures, com uma taxa de contratação de 1,6%, teve o pior desempenho quando se tratou de empregar cineastas mulheres.

Os autores do estudo também descobriram que 26 diretores (22,4%) dos 100 filmes de maior bilheteria em 2023 eram de grupos raciais e étnicos sub-representados. Quatorze são asiáticos (53,8%), oito são negros (30,8%), dois são hispânicos/latinos (7,7%) e outros dois cineastas são multirraciais/multiétnicos (7,7%).

Entre as principais distribuidoras, a Warner Bros foi a segunda a ter melhor desempenho em 2023, com cinco filmes de diretores sub-representados, seguida pela Walt Disney Studios, com quatro. Nos últimos 17 anos, a Lionsgate teve a maior porcentagem de filmes com um diretor sub-representado ligado (21,7%), seguida pela Universal Pictures (18,3%) e Sony Pictures Entertainment (17%).

Este relatório oferece um contraste com aqueles que podem comemorar o início da mudança em Hollywood depois de um ano em que Barbie liderou as bilheterias. Um filme ou um diretor simplesmente não são suficientes para criar a mudança radical que ainda é necessária por trás das câmeras. Até que estúdios, executivos e produtores alterem a maneira como tomam decisões sobre quem está qualificado e disponível para trabalhar como diretor em filmes de alta bilheteria, há poucas razões para acreditar que o otimismo é justificado.

Relatório da Iniciativa de Inclusão da USC Annenberg
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.