O Universo ainda é um mistério para os astrônomos, mas algumas teorias norteiam o que conhecemos espaço afora. Uma delas é que estrelas massivas e com idade de milhões de anos deveriam formar buracos negros quando colapsam, justamente por conta de seu tamanho.

Agora, pesquisadores descobriram que uma estrela reúne elementos advindos de outra explosão, indicando que a estrela original – batizada de “Barbenheimer” – não seguiu o caminho previsto. Na verdade, ao invés de virar buraco negro, ela formou supernova, explodindo para fora.

publicidade

Leia mais:

Formação das estrelas

O Live Science explicou o dilema por trás das estrelas:

publicidade
  • Esses corpos celestes formam a maior parte dos elementos do Universo. Depois do Big Bang, há bilhões de anos, o espaço era composto por hidrogênio e hélio, que deram origem às primeiras estrelas;
  • No entanto, elas são basicamente “fábrica de elementos”. As estrelas continuam vivas por processo de fusão de átomos em seu interior, que cria diferentes elementos no seu decorrer;
  • Quando chega a vez de fundir o ferro, a estrela usa mais energia do que cria… e morre;
  • A morte forma uma supernova, explosão que espalha os elementos pesados criados em seu interior para o Espaço. Eles, então, são incorporados por nova geração de estrelas e por aí vai.

Ilustração da composição química da estrela J0931+0038 (Imagem: Reprodução/Universidade de Chicago/SDSS-V/Melissa Weiss)

Estrela “Barbenheimer”

Conforme os elementos pesados são espalhados no universo e incorporados por outras estrelas, é possível analisá-las para determinar sua história. Foi assim que a “Barbenheimer” foi descoberta.

publicidade

Primeiro, os pesquisadores descobriram a J0931+0038, estrela gigante vermelha de baixa massa, na região do Espaço conhecido como halo galático. Por lá, vivem outras estrelas antigas.

A primeira visão dela foi em 1999, mas só foi possível capturar seu espectro de luz e desvendar sua composição química em 2019.

publicidade

A descoberta foi diferente do que se imaginava, algo considerado impossível até ali: ela não tinha grande quantidade de elementos ímpares da tabela periódica (como sódio e alumínio). Ao contrário, era abundante em elementos pesados, como ferro, níquel e zinco. A presença de estrôncio e paládio, que são ainda mais pesados que o ferro, foi ainda maior do que deveria.

Ilustração da sequência de eventos que levou à formação e descoberta da J0931+0038 (Imagem: Reprodução/NASA, ESA, CSA, StSci, Universidade de Chicago, SDSS-V, S5, Melissa Weiss, James Josephides, Yuri Beletsky)

De onde vieram os elementos?

Essa foi a grande questão. A presença incomum (que, na teoria, era impossível) só poderia ser uma: veio de explosão de outra estrela, tão grande que deveria ter 50 a 80 vezes a massa do Sol. Essa progenitora foi batizada de “Barbenheimer” e deu origem à J0931+0038.

O acontecimento abala teoria já consolidada da astronomia de que estrelas com tal proporção deveriam impelir e formar um buraco negro, ao invés de explodir em supernovas.

No entanto, por mais impossível que a supernova seria em teoria, tampouco é possível descartá-la. Isso porque, segundo a astrônoma Sanjana Curtis, da Universidade da Califórnia e co-líder da investigação, todo o padrão de elementos encontrados na “filha” parece contraditório e não existe nada que explique de onde eles vieram se não de outra estrela. Os pesquisadores estão à frente de novo dilema sobre o Universo.