Poucas coisas são mais prazerosas na vida do que bailar nos braços da amada. E ela, sempre linda, sempre nos mirando hipnoticamente nos atrai com sua beleza, seus mistérios e sua intangibilidade. A Lua, apesar do fascínio que exerce em toda a humanidade, é uma conquista reservada à poucos. Mas felizmente, podemos contemplar toda a beleza e complexidade dessa dança cósmica através de um vídeo disponibilizado todos os anos pela agência espacial americana

Além de um detalhado e fiel retrato de como nossa companheira espacial se apresenta para nós a cada hora durante todo esse ano, o vídeo também exibe em textos e gráficos, os dados detalhados sobre a iluminação, tamanho aparente, inclinação e distância da Lua ao longo do ano. O vídeo é produzido a partir de imagens e dados obtidos pelo LRO, o Lunar Reconnaissance Orbiter. 

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O LRO é uma sonda robótica da NASA que orbita a Lua há 15 anos, coletando imagens em alta definição e dados detalhados da sua superfície. Esses dados serão essenciais para o planejamento das futuras missões que levarão os próximos humanos a conquistar nossa companheira nesta dança cósmica. A partir desses dados foi possível criar uma modelagem tridimensional da superfície da Lua com uma fidelidade impressionante, o que nos permite ter essa visão incrível como se observássemos o astro diuturnamente durante todo o ano. 

[ Ilustração mostrando a Sonda LRO em órbita da Lua – Créditos: Image credit: NASA/GSFC ]

Primeiramente, percebemos que o tamanho aparente da Lua varia constantemente. Isso ocorre devido ao seu movimento de revolução, que é o que a Lua faz ao redor da Terra. A órbita da Lua ao redor da Terra é elíptica e por isso, há um momento em que ela está mais próxima, aparecendo maior no céu. Esse momento é chamado de perigeu e o momento em que o afastamento da Terra é maior, é conhecido como apogeu.

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Nós podemos ver isso no gráfico em forma de barra que aparece por trás da Lua. Esse gráfico mostra a Terra e a Lua em escala de tamanho e distância. Veja que a distância varia entre aproximadamente 28 e 32 diâmetros terrestres ao longo de cada revolução. 

É interessante notar que a face da Lua que nós vemos é sempre a mesma, como se ela nunca nos virasse as costas. Isso ocorre porque o período de rotação da Lua em torno de si mesma é o mesmo período de revolução em torno da Terra. Esse fenômeno, chamado de acoplamento de maré, ocorre em consequência da força gravitacional entre os dois corpos, que funciona como os braços que guiam a nossa parceira de dança. Só que a rotação da Terra também está sendo freada nesse abraço cósmico. Provavelmente, no futuro a Terra também estará acoplada à Lua e quando isso ocorrer, os dias terão umas 700 horas e ninguém vai poder reclamar da falta de tempo! 

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Mas ao contrário de muitos astrônomos apaixonados pela Lua, nossa bela companheira tem um rebolado envolvente. Devido à inclinação e ao formato da sua órbita, vemos a Lua de ângulos ligeiramente diferentes ao longo de um mês. E quando um mês é comprimido em apenas 24 segundos, como nesta animação, a nossa perspectiva faz com que a Lua pareça estar rebolando na sua apresentação solo em nosso salão cósmico. Esse rebolado é chamado cientificamente de “libração”.

O gráfico abaixo e à esquerda mostra justamente o movimento de libração da Lua.  Nele também aparece o ponto subsolar e o subterrestre, onde o Sol e a Terra estão diretamente acima, quando vistos da Lua. O ponto subterrestre, em azul, é também o centro aparente do disco lunar quando observado da Terra. Já o ponto subsolar influencia diretamente na iluminação da Lua, o que determina suas fases. 

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[ Gráfico exibindo a libração da Lua e seus pontos subterrestre (azul) e subsolar (amarelo) – Créditos: NASA’s Scientific Visualization Studio ]

A variação na iluminação da Lua também favorece a observação de diferentes feições do seu relevo a cada dia. As crateras, picos e vales que ficam próximo ao terminador da sombra, recebem a luz solar de forma mais rasa, projetando longas sombras na superfície. Por isso, em seu gráfico principal, os nomes dessas feições são adicionados, pois certamente serão alvo dos astrônomos amadores de todo o planeta. Além disso, também são exibidos os locais de pouso das 6 missões Apollo que levaram até lá os únicos 12 seres humanos que conquistaram nossa amada Lua entre 1969 e 1972. 

Por fim, o gráfico acima e à esquerda apresenta a órbita da Lua vista “de cima”. Ele mostra a posição da Lua durante o ano. O plano orbital lunar é inclinado em relação ao plano da eclíptica, que é o plano orbital da Terra. Na metade azul clara desse gráfico a nossa companheira está acima da eclíptica, e na parte mais escura, abaixo. Os momentos em que ela cruza a eclíptica, são onde podem ocorrer os eclipses solares, se o Sol estiver na mesma direção, ou lunares, se estiver na direção oposta à Lua. 

[ Gráfico exibindo a órbita da Lua ao redor da Terra – Créditos: NASA’s Scientific Visualization Studio ] 

A direção do Sol pode ser vista na seta amarela do gráfico e na iluminação da Terra e da Lua. Também são marcados os momentos em que a Lua passa pelo perigeu e apogeu. E se você quer saber quando será a próxima superlua, é só ver em qual momento a Lua passa pelo Perigeu com o Sol na direção oposta a ela. 

Todos os passos dessa magnífica dança entre nosso planeta e nossa companheira no Universo, podem ser vistos nessa fantástica animação divulgada pela NASA. Como um belo convite para que você também possa contemplar e entender todos os movimentos deste exuberante baile cósmico do qual temos o prazer de presenciar todas as noites. E então, vamos ver a Lua?