Uma estrutura gigantesca em forma de anel no espaço intriga os cientistas. Chamado de Grande Anel pelos astrônomos, ele foi descoberto por cientistas da Universidade de Central Lancashire e é composto de galáxias e aglomerados de galáxias. Trata-se de uma estrutura que tem 1,3 bilhões de anos-luz de diâmetro e que desafia a nossa compreensão sobre o Universo.

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Violação do princípio cosmológico

  • De acordo com a ciência, o Grande Anel não deveria existir.
  • Isso porque o princípio cosmológico, uma das leis orientadoras da astronomia, prevê que toda a matéria está espalhada suavemente pelo Universo.
  • Embora as estrelas, os planetas e as galáxias sejam enormes aglomerados de matéria, no contexto do tamanho do Universo são insignificantes.
  • Segundo esta teoria, então, aglomerados de matéria muito maiores não deveriam se formar.
  • No entanto, o Grande Anel está ali, a mais de 9 bilhões de anos-luz da Terra.
  • Ele não pode ser visto a olho nu, mas seu diâmetro no céu noturno seria equivalente a 15 luas cheias.
  • As informações são da BBC.
Representação artística destacando as posições do Grande Anel, em azul, e do Arco Gigante, em vermelho (Imagem: Stellarium)

O que a existência dessas galáxias pode indicar?

A existência do Grande Anel sugere que é necessário repensar um dos pilares centrais da astronomia.

Esta é a sétima grande estrutura descoberta no Universo que contradiz a ideia de que o cosmos é suave nas maiores escalas. Se essas estruturas são reais, então é definitivamente motivo de reflexão para os cosmólogos e o pensamento aceito sobre como o universo evoluiu ao longo do tempo.

Robert Massey, vice-diretor da Sociedade Astronômica Real

A estrutura foi identificada por Alexia Lopez, estudante de pós-doutorado da Universidade de Central Lancashire (UCLan), que também descobriu o Arco Gigante, que abrange 3,3 bilhões de anos-luz de espaço.

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Tenho que me beliscar, porque fiz essas descobertas acidentalmente, foram descobertas fortuitas. Nenhuma destas duas estruturas gigantes é fácil de explicar na nossa compreensão atual do Universo. E os seus tamanhos, formas distintas e proximidade cosmológica devem certamente estar nos dizendo algo importante – mas o que exatamente?

Alexia Lopez, estudante de pós-doutorado da Universidade de Central Lancashire

Tanto o Grande Anel quanto o Arco Gigante estão relativamente próximos, perto da constelação de Boötes, o Boieiro. A probabilidade de duas estruturas gigantes estarem tão perto uma da outra é muito pequena, de modo que os dois objetos podem estar relacionados e formar uma estrutura ainda maior.

Então a questão é como estruturas tão grandes foram criadas? É incrivelmente difícil conceber qualquer mecanismo que possa produzir estas estruturas, por isso, em vez disso, os autores especulam que estamos diante de uma relíquia do Universo primitivo, onde ondas de material de alta e baixa densidade estão ‘congeladas’ num meio extragaláctico.

Don Pollacco, professor do departamento de física da Universidade de Warwick

Existem também estruturas igualmente grandes descobertas por outros cosmólogos. É o caso da Grande Muralha de Sloan, que tem cerca de 1,5 bilhões de anos-luz de comprimento, e a Muralha do Polo Sul, que se estende por 1,4 bilhões de anos-luz. Mas a maior entidade identificada pelos cientistas é um superaglomerado de galáxias chamado Grande Muralha Hércules-Corona Borealis, que tem cerca de 10 bilhões de anos-luz de largura.

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Embora o Grande Anel pareça um anel quase perfeito no céu, a análise de Lopez sugere que ele tem um formato mais espiralado – como um saca-rolhas – com sua face alinhada com a Terra. As descobertas foram apresentadas na 243ª reunião da Sociedade Astronômica Americana (AAS) em Nova Orleans.