Marte teve fluxo intermitente de água por centenas de milhões de anos

Análise de crateras de Marte revela que água fluiu intermitentemente nos vales do planeta por centenas de milhões de anos
Ana Luiza Figueiredo16/01/2024 14h32
marte
Imagem: Andrey Yurlov / Shutterstock.com
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Um estudo americano revela uma nova descoberta sobre a história de Marte. Alexander Morgan, do Planetary Science Institute, utilizou crateras de impacto como uma espécie de “livro de registro” cósmico. Assim, ele estabeleceu limites máximos para o período durante o qual os vales marcianos foram esculpidos por água corrente, apontando para uma incrível intermitência de fluxo ao longo de centenas de milhões de anos.

Enquanto Marte hoje se assemelha a um deserto global, a superfície do planeta preserva evidências marcantes de um passado molhado, incluindo redes de vales que sugerem a presença de rios.

Leia mais:

O estudo, intitulado “New maximum constraints on the era of Martian valley network formation” (Novas restrições máximas sobre a era de formação da rede de vales marcianos, em tradução livre), publicado no periódico Earth and Planetary Science Letters, representa um avanço significativo na compreensão da habitabilidade precoce de Marte.

A descoberta

  • O grande feito deste estudo é a determinação do período máximo em que esses sistemas de vales se formaram.
  • Diferentemente de pesquisas anteriores, que estabeleceram apenas escalas de tempo mínimas para a erosão desses vales, Morgan conseguiu estabelecer um limite superior.
  • Isso significa que as condições propícias à formação de rios em Marte eram altamente intermitentes, com longos períodos de aridez entremeados por episódios breves, mas vitais, de atividade fluvial.
  • Essa descoberta oferece uma visão mais refinada da história climática de Marte, afastando-se das dicotomias simplistas do passado, como a divisão entre um Marte “quente e úmido” e um Marte “frio e gelado.”
  • Assim como a Terra, o planeta vermelho primitivo era complexo, com condições superficiais variadas ao longo de centenas de milhões de anos.
  • A lenta taxa de erosão dos rios marcianos, comparável a regiões do Deserto do Atacama, sugere períodos prolongados de aridez.
  • As implicações desta descoberta são profundas, fornecendo novos insights sobre a variabilidade das condições de habitabilidade em Marte, antes considerado um ambiente estático.

Ana Luiza Figueiredo é repórter do Olhar Digital. Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), foi Roteirista na Blues Content, criando conteúdos para TV e internet.