YouTube fatura milhões com negacionismo climático, mostra relatório

O levantamento do Centro de Combate ao Ódio Digital mostra que a plataforma de vídeos está monetizando conteúdos de negacionismo climático
Por William Schendes, editado por Ana Luiza Figueiredo 16/01/2024 14h06
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(Imagem: JRdes / Shutterstock)
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Um relatório do Centro de Combate ao Ódio Digital (CCDH, na sigla em inglês) revelou que o YouTube está faturando milhões de dólares anualmente com publicidades que divulgam informações falsas sobre mudanças climáticas.

Essa prática é decorrente de novas táticas utilizadas pelos criadores de conteúdo que contornam as políticas de desinformação da plataforma de vídeos.

YouTube falha no combate ao negacionismo climático

  • O levantamento do CCDH utilizou inteligência artificial para analisar transcrições de 12.058 vídeos publicados em 96 canais nos últimos seis anos.
  • Como reportou a Reuters, esses canais promoviam conteúdos que estavam desalinhados com o consenso científico sobre as mudanças climáticas. 
  • A estimativa é que o YouTube fatura até US$ 13,4 milhões (mais de R$ 65 milhões) por ano com os canais analisados pelo relatório. Os anúncios promovidos nesses vídeos eram de marcas como Hilton Hotels e Nike.
  • O relatório avalia que o YouTube não está conseguindo aplicar sua política contra a monetização de vídeos de negação climática.

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O relatório

Segundo os pesquisadores, em cerca de 78% dos vídeos havia alegações de negacionistas sobre o consenso científico. Alguns argumentos publicados nos vídeos incluem afirmações de que propostas de soluções climáticas não funcionarão; desconfiança sobre a ciência climática e movimento ambientalistas; e que os impactos do aquecimento global são benéficos ou inofensivos.

Para efeito de comparação, em 2018 alegações como essa representavam 35% da negação climática no YouTube, em 2023 esses discursos aumentam para 70%.

Nesses seis anos, discursos que soluções climáticas não funcionarão aumentaram em 21,4%; a desconfiança em movimentos climáticos, aumentou 12%. Por outro lado, a negação do aquecimento global diminuiu em 34,4%.

Reações aos dados descobertos

Como avaliou Imran Ahmed, presidente-executivo da CCDH, em coletiva de imprensa, os negacionistas deixaram de negar as alterações climáticas e agora admitem que elas acontecem, mas afirmam que “não há soluções”.

Ao EuroNews Green, o YouTube se pronunciou sobre as informações reveladas no relatório e reconhece que há vídeos que violam as políticas de mudança climática da plataforma. A empresa afirma que já removeu a veiculação de anúncios em parte desses conteúdos.

A nossa política sobre alterações climáticas proíbe a publicação de anúncios em conteúdos que contradizem o consenso científico bem estabelecido sobre a existência e as causas das alterações climáticas.

Debates ou discussões sobre temas relacionados às mudanças climáticas, inclusive em torno de políticas públicas ou pesquisas, são permitidos. No entanto, quando o conteúdo ultrapassa os limites da negação das alterações climáticas, deixamos de apresentar anúncios nesses vídeos. Também exibimos painéis informativos em vídeos relevantes para fornecer informações adicionais sobre mudanças climáticas e contexto de terceiros.

Porta-voz do YouTube ao EuroNews Green.

Jornalista em formação pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Mesmo com alguns assuntos negativos, gosta ficar atualizado e noticiar sobre diferentes temas da tecnologia.

Ana Luiza Figueiredo é repórter do Olhar Digital. Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), foi Roteirista na Blues Content, criando conteúdos para TV e internet.