Covid: vacinação completa salvaria milhares de pessoas no Reino Unido, diz estudo

Desde que os imunizantes foram distribuídos, mais de 30 milhões não tomaram as doses de reforço na região
Por Bob Furuya, editado por Bruno Capozzi 16/01/2024 21h20
Pessoa recebendo dose da vacina bivalente contra Covid-19
(Imagem: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
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Com exceção dos negacionistas, as vacinas contra a Covid-19 são uma unanimidade entre as pessoas. A história e os números estão aí para provar o quanto os imunizantes foram importantes nas fases mais críticas da pandemia.

Estudos científicos também ajudam a reforçar o papel essencial das vacinas. É o caso desse artigo recém-publicado na revista The Lancet, uma das mais respeitadas da área.

O chamado Health Data Research (HDR) e a Universidade de Edimburgo (Escócia) coletaram e analisaram dados vacinais referentes a toda a população do Reino Unido entre os dias 1 de junho e 30 de setembro de 2022.

É a maior pesquisa já realizada no bloco. E ela comprovou: se todos tivessem sido vacinados, milhares de vidas teriam sido salvas.

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Entendendo o estudo

  • Os pesquisadores tiveram acesso a dados seguros e anônimos do Serviço Nacional de Saúde de cada indivíduo com mais de cinco anos de idade – ou cerca de 67 milhões de pessoas.
  • Elas foram divididas em grupos, de acordo com faixa etária e doenças pré-existentes, além do número de doses que tomaram da vacina.
  • Esses dados foram submetidos a um modelo matemático, que calculou quantas doenças graves e fatais poderiam ter sido evitadas ao longo dos quase quatro meses analisados.
  • Ao terem acesso a esses dados, os cientistas ficaram surpresos com a quantidade absurda de pessoas que tomaram apenas a primeira dose do imunizante.
  • O desempenho relativo à primeira dose foi quase exemplar: o Reino Unido imunizou mais de 90% da população com mais de 12 anos com pelo menos uma dose até janeiro de 2022.
  • Os índices de segunda dose, porém, são bem mais baixos: 45,7% para a Inglaterra, 49,8% para a Irlanda do Norte, 34,2% para a Escócia e 32,8% País de Gales.
  • Ao todo, na região, estamos falando de quase 30,5 milhões de pessoas.
  • Os investigadores descobriram que a taxa mais elevada de subvacinação ocorreu entre os homens, jovens e entre aqueles que vivem em áreas mais pobres.
  • De acordo com o modelo matemático utilizado pelos cientistas, dos 40.400 casos graves de Covid-19 registrados no verão de 2022, pelo menos 7.180 teriam sido evitados (nesse número entram as mortes e hospitalizações ocorridas no período).

A importância desse estudo para o futuro

O professor Sir Aziz Sheikh, diretor de pesquisa do HDR e co-líder do estudo, explica que uma pesquisa dessas proporções deve servir para orientar o poder público:

“Os estudos de dados em grande escala têm sido essenciais para a gestão da pandemia. As vacinas contra a COVID-19 salvam vidas. À medida que surgem novas variantes, este estudo ajudará a identificar grupos da nossa sociedade e áreas do país onde as campanhas de saúde pública devem ser focadas e adaptadas para essas comunidades.”

A professora Cathie Sudlow, cientista-chefe da Health Data Research UK, acrescentou:

“A infraestrutura agora existe para aproveitar ao máximo o potencial dos dados coletados rotineiramente nas quatro nações do Reino Unido. Acreditamos que poderíamos e deveríamos estender essas abordagens a muitas outras áreas da medicina, como câncer, doenças cardíacas e diabetes, para buscar uma melhor compreensão, prevenção e tratamento de doenças.”

As informações são do Medical Xpress e do New Atlas.

Bob Furuya
Colaboração para o Olhar Digital

Roberto (Bob) Furuya é formado em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atua na área desde 2010. Passou pelas redações da Jovem Pan e da BandNews FM.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.