Dados de agosto de 2023 da Agência Internacional de Energia Atômica mostram que 410 usinas de energia nuclear estão ativas no mundo e outras 57 estão em construção. Apesar de não ser renovável ou 100% segura, a opção é fonte de energia limpa e pode apoiar os esforços pela descarbonização.

Desse número, o Brasil contribui com duas usinas nucleares, Angra 1 e Angra 2, e uma unidade em construção, a Angra 3, tem previsão de começar a operar em 2028. Atualmente, a energia nuclear corresponde a 2% de toda a geração de energia no País e vai aumentar para 3% com a finalização do terceiro projeto, segundo a Eletronuclear.

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Apesar dos riscos, essa modalidade é vista como esforço para a descarbonização e para a diversidade da matriz energética.

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Energia nuclear no Brasil

Fernando de Lima Caneppele, professor da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da Universidade de São Paulo, ao Jornal da USP, lembrou que o Brasil é dono da sétima maior reserva de urânio do mundo e faz parte de grupo de 13 países que têm instalações para o enriquecimento do metal.

Segundo ele, o futuro da energia nacionalmente pode tanto contar com as reservas de urânio quanto com outras fontes renováveis, de menor risco. Isso porque, ao contrário de outros tipos de energia limpa, as usinas nucleares podem causar um acidente nuclear – algo que, para Caneppele, gera polêmica, principalmente porque o Brasil é abundante em recursos renováveis para geração de energia eólica, solar e hídrica.

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Usinas Angra 2 (à esquerda) e Angra 1 (à direita); os reatores, onde a energia nuclear é gerada, ficam dentro das estruturas brancas (Imagem: Divulgação/Eletronuclear)

Diversidade de energias

Já para o ministro de Minas e Energia Alexandre Silveira, o segredo é a pluralidade de fontes de energia.

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Na primeira semana de novembro do ano passado, em Brasília, o ministro lembrou da posição privilegiada do Brasil, que tem 50% da matriz energética com energia limpas e renováveis. Ele também destacou a importância de desenvolver e adaptar as tecnologias com baixas emissões de carbono para as realidades locais.

Nisso, aproveitou para ressaltar que vários países do mundo têm usado energia nuclear de forma mais segura e que tem participado de discussões nesse sentido. A intenção é garantir a diversidade de fontes de energias limpas, baratas, seguras e acessíveis – e a nuclear faz parte disso.

Angra 3 em construção (Imagem: Reprodução/Eletronuclear)

Energia nuclear e Angra 3

Em visita à Angra 3, o ministro de Minas e Energia reforçou a importância da matriz energética limpa e renovável do País, além dos investimentos na diversidade de energias.

Saiba mais sobre a Angra 3:

  • A terceira usina nuclear brasileira está localizada no Rio de Janeiro e faz parte da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, que já abriga Angras 1 e 2;
  • O projeto começou em 2010 e foi paralisado em 2015 devido à revisão do financiamento para a obra;
  • Com novo consórcio, a construção foi retomada em 2022. No primeiro semestre desse ano, outra licitação ou consórcio será feito para decidir as empresas que ficarão responsáveis pela finalização das obras e da montagem da usina;
  • Até agora, já foram investidos R$ 7,8 bilhões no projeto, que está com 65% pronto. O orçamento total é de R$ 20 bilhões;
  • O início da operação está previsto para o final de 2028, quando a instalação vai gerar 12 milhões de megawatts-hora por ano, o suficiente para atender 4,5 milhões de pessoas;
  • Ela será responsável por 60% do consumo energético do estado do Rio de Janeiro e 3% do Brasil.