Imagem: OPAS
A Doença de Alzheimer é silenciosa. Os primeiros sintomas são quase sempre relacionados à memória, às vezes coisas simples do dia a dia, como onde deixei a chave do carro.
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É claro que nem todo mundo que esquece a chave do carro tem Alzheimer ou vai desenvolver a doença. O diagnóstico sempre foi feito por dois caminhos: ou tomografia cerebral ou punção lombar.
O grande problema é que essas duas alternativas custam muito caro, resultando numa espécie de subnotificação dos casos. Diante disso, cientistas desenvolveram nos últimos anos um exame de sangue que pode identificar a doença.
Ele começou a ser vendido nos Estados Unidos em 2022 e chegou ao Brasil no ano passado. Alguns médicos, porém, rejeitaram a novidade, argumentando que não existiam estudos científicos robustos que comprovassem a eficácia do teste.
Não existiam até agora.
Em artigo publicado nesta semana na revista JAMA Neurology, pesquisadores da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, demonstraram altas taxas de acerto relacionadas a esses exames de sangue.
Isso é possível graças à identificação de um tipo de proteína no sangue, chamada tau fosforilada, ou p-tau.
Essa proteína funciona como um biomarcador, já que ela aumenta no sangue ao mesmo tempo que outras proteínas prejudiciais aumentam no cérebro de pessoas com a Doença de Alzheimer.
De acordo com o estudo, os testes tiveram até 96% de precisão na identificação de níveis elevados de beta amiloide e até 97% de precisão na identificação de p-tau.
A experiência contou com a participação de 786 pessoas com idade média de 66 anos de idade. Elas realizaram tomografias cerebrais, punções lombares e colheram amostras de sangue.
Segundo os pesquisadores, a taxa de acerto do exame de sangue foi praticamente a mesma dos outros testes tradicionais.
Em entrevista à CNN, o neurologista Richard Isaacson, diretor de pesquisa do Instituto de Doenças Neurodegenerativas da Flórida, defendeu a realização ampla dos exames de sangue.
“As pessoas fazem testes de colesterol antes de terem um ataque cardíaco. As pessoas fazem testes de colesterol antes de sofrerem um derrame. Para mim, esse tipo de teste acabará sendo mais bem aplicado em pessoas antes que elas comecem a apresentar sintomas cognitivos”.
“Os exames de tomografia contêm radiação e podem custar mais de US$ 5 mil. As punções lombares são ótimas porque você obtém informações detalhadas, mas nem todo mundo quer uma e ela é cara e não é coberta pelos planos de saúde. Esses exames de sangue geralmente têm preços mais razoáveis”, completou Isaacson.
As informações são do jornal The Guardian.
Esta post foi modificado pela última vez em 26 de janeiro de 2024 19:43