A procrastinação é um fenômeno complexo, muitas vezes erroneamente simplificado como preguiça ou falta de responsabilidade. Na realidade, esse comportamento reflete uma luta interna entre partes predominantes do cérebro, destacando a complexidade da tomada de decisões e do autocontrole.

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Em 1870, o escritor estadunidense Mark Twain escreveu o anti provérbio “Não deixe para amanhã, o que você pode fazer depois de amanhã”. A procrastinação ocorre justamente quando resolvemos adiar algo que deveríamos fazer em um determinado período de tempo. Algumas pessoas procrastinam por medo de serem julgadas por seu trabalho, então evitam concluir a tarefa. Outras são aventureiras que afirmam desfrutar da adrenalina que vem ao correr contra o prazo. É um desafio universal, o que nos leva à pergunta: o que há na mente humana que nos leva a adiar tarefas que são realmente importantes para nós?

O que é procrastinação?

A procrastinação não é um problema recente na história humana. A verdade é que os humanos sempre lutaram contra a procrastinação. O problema remonta pelo menos à Grécia Antiga. Em “Protagoras”, de Platão, Sócrates pergunta como é possível que, se alguém julga uma ação como a melhor, faria qualquer coisa além dessa ação. Aristóteles usou a palavra akrasia, ou “fraqueza de vontade”, para descrever esse estado de agir contra o próprio julgamento.

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Muitas pessoas pensam que a procrastinação se deve a hábitos preguiçosos ou incompetência, mas isso está longe da verdade. A procrastinação encontra suas raízes em nossa biologia. É o resultado de uma batalha constante em nosso cérebro entre o sistema límbico e o córtex pré-frontal.

O sistema límbico, também chamado de cérebro paleomamífero, é uma das partes mais antigas e dominantes do cérebro. Seus processos são em grande parte automáticos. Quando você sente que todo o seu corpo está dizendo para fugir de uma situação desagradável, é o seu sistema límbico falando. Ele também está intimamente ligado ao córtex pré-frontal.

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Cérebro
Ilustração dos neurônios cerebrais (Imagem: Yurchanka Siarhei/Shutterstock)

O córtex pré-frontal é mais recente, menos desenvolvido e, como resultado, uma parte um pouco mais fraca do cérebro. Esta é a parte do cérebro onde ocorrem o planejamento de comportamentos complexos, a expressão da sua personalidade e a tomada de decisões.

Porém, nessa batalha de forças, nem sempre o córtex pre frontal leva a melhor, na verdade, na grande maioria das vezes o contrário acontece. Como o sistema límbico é muito mais forte, muitas vezes vence a batalha, levando à procrastinação. Damos ao nosso cérebro o que parece bom agora.

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Um estudo conduzido pelos Drs. Dianne Tice e Roy Baumeister acompanhou o desempenho, o estresse e a saúde geral de um grupo de estudantes universitários ao longo do semestre. Enquanto os procrastinadores originalmente exibiam níveis mais baixos de estresse, no final do semestre, não apenas estavam mais estressados, mas também obtiveram notas mais baixas.

Procrastinação: como vencer?

Método Pomodoro
Método Pomodoro ajuda a melhorar a produtividade no trabalho. Foto: AlessandroZocc/iStock

Embora seja ótimo entender melhor a ciência por trás da procrastinação e parar de se culpar, seria ainda melhor dar um pouco de ajuda ao nosso córtex pré-frontal na luta contra nosso sistema límbico preguiçoso e autoindulgente.

  • 1. Faça a pior coisa primeiro: Adiar tarefas temidas esgota sua energia mental, enquanto riscá-las da lista o fará sentir-se mais produtivo.
  • 2. Crie pedaços menores: Torne o trabalho menor definindo tarefas que pareçam mais gerenciáveis. Comprometa-se a fazer apenas a primeira delas e veja como se sente depois.
  • 3. Experimente o truque dos 10 minutos: Defina um cronômetro e comprometa-se a trabalhar na tarefa por apenas dez minutos. Trabalhe o mais duro que puder durante esse tempo.
  • 4. Trabalhe em público:  Aproveite o poder da pressão positiva comprometendo-se publicamente com seus objetivos. Pode ser tão simples quanto contar a um amigo ou postar um tweet.
  • 5. Dê a si mesmo uma recompensa: Escolha algo autoindulgente que o faça muito feliz como uma recompensa para o seu sistema límbico. Essa é a sua recompensa por trabalhar, mesmo que um pouco, em uma sub-tarefa da tarefa que você vem evitando.