Obras de Tarsila do Amaral viram NFT com autenticação de herdeiros

Os desenhos de Tarsila, datados da década de 1920, foram autenticados indiretamente por herdeiros enquanto são alvos de processo na Justiça
Pedro Spadoni30/01/2024 16h26, atualizada em 31/01/2024 21h23
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Um conjunto de desenhos atribuídos à pintora Tarsila do Amaral (1886-1973) apareceu num site de NFTs – arte digital com certificado de autenticidade. O problema é que as obras, pertencentes ao tradutor Alípio Neto, são alvo de um processo na Justiça justamente para terem sua autenticidade reconhecida.

Para quem tem pressa:

  • Uma coleção de desenhos atribuídos à pintora brasileira Tarsila do Amaral foi lançada como NFT – arte digital com certificado de autenticidade. No entanto, essas obras, pertencentes ao tradutor Alípio Neto, estão atualmente no centro de uma disputa judicial para confirmar sua autenticidade;
  • A sobrinha-neta e herdeira de Tarsila, conhecida como Tarsilinha, não reconhece a autenticidade das obras. No entanto, outros herdeiros da artista aprovaram a produção dos NFTs, o que indiretamente autenticou os desenhos;
  • As obras, da década de 1920, apresentam paisagens do litoral brasileiro. Elas foram digitalizadas pela empresa sueca Zeitls e estão sendo vendidos por 0,3 ETH cada (aproximadamente R$ 3,3 mil);
  • Apesar das dúvidas sobre a autenticidade dos desenhos, tanto o advogado de Alípio Neto quanto a empresa Zeitls defendem a originalidade das obras.

A sobrinha-neta e herdeira da artista, conhecida como Tarsilinha, não reconhece a autenticidade das obras. Porém, outros dois herdeiros autorizaram a produção das NFTs. E isso autenticou, de maneira indireta, os desenhos.

Leia mais:

Este é mais um capítulo na polêmica envolvendo Tarsila do Amaral. O tradutor quer que os desenhos tenham autoria confirmada e entrem no catálogo oficial da obra da artista, cuja última edição é de 2008. No entanto, além do nó com Tarsilinha, a comissão de especialistas em obras da artista não aprovou a autenticidade do material de forma unânime.

NFTs de Tarsila

Captura de tela de site de NFT com obras de Tarsila do Amaral
(Imagem: Reprodução)

Os desenhos em questão, datados da década de 1920, retratam paisagens do litoral brasileiro. A empresa sueca Zeitls digitalizou as obras, comercializadas por 0,3 ETH cada – aproximadamente R$ 3,3 mil. Paola Montenegro, sobrinha-bisneta de Tarsila e responsável pelos direitos autorais da artista, está envolvida no projeto.

Paulo Montenegro, um dos herdeiros de Tarsila, expressou incerteza quanto à autenticidade dos desenhos, após negar ser um especialista. Mesmo assim, ele e outro herdeiro assinaram um documento sobre a produção dos NFTs, nos quais os desenhos são apresentados como originais de Tarsila.

Mario Solimene Filho, advogado de Alípio Neto, argumenta que os NFTs e a autorização da família de Tarsila são evidências significativas da autenticidade das obras. Daniela Zschaber, da Zeitls, afirma que a empresa tem certeza da originalidade das obras e tem como objetivo promover a arte brasileira no exterior. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

Pedro Spadoni
Redator(a)

Pedro Spadoni é jornalista formado pela Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep). Já escreveu para sites, revistas e até um jornal. No Olhar Digital, escreve sobre (quase) tudo.

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