A análise de joias é um importante elemento para o estudo de povos antigos. E foi exatamente assim que pesquisadores conseguiram classificar nove grupos culturais distintos que habitaram a Europa na pré-história.

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Povos pré-históricos dominavam o artesanato

  • Os pesquisadores se concentraram no Período Gravetiano, que se estendeu entre 34 mil e 24 mil anos atrás.
  • Durante este tempo, vivam no planeta povos caçadores-coletores que também eram artesãos.
  • Essas habilidades podem ser comprovadas na variedade de materiais que eles usavam para fazer joias e outros adornos.
  • Entre as opções estavam marfim, ossos, dentes (incluindo os de ursos, cavalos e coelhos), chifres, pedras preciosas, conchas e âmbar.
  • As peças confeccionadas serviram como ornamentos pessoais, bem como marcadores culturais.
  • O estudo foi publicado na revista Nature Human Behaviour.
  • As informações são da Live Science.
Representação artística de como as pessoas do Período Gravetiano usavam joias na Europa (Imagem: Sylvaine Jacquinot)

Joias serviam para identificação cultural

Para o estudo, os pesquisadores analisaram 134 “tipos discretos” de adornos coletados por arqueólogos ao longo do último século em 112 locais em toda a Europa, de acordo com um comunicado.

A equipe então inseriu as informações que coletaram de estudos científicos anteriores e outras literaturas em um banco de dados, o que lhes permitiu começar a identificar as distinções entre as contas dos diferentes grupos.

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Por exemplo, eles notaram que raposas e veados vermelhos, ambos abundantes em todo o continente durante o período, só foram incorporados em peças criadas por certos grupos culturais.

Nesta época, raposas e veados vermelhos estavam por toda parte. No entanto, só vemos pessoas usando caninos de raposa no leste, mesmo que você possa obtê-los em todos os lugares. E só encontramos realmente pessoas usando caninos de veados vermelhos no oeste. Então, mesmo que eles estejam disponíveis em todos os lugares, há uma diferença clara no que eles estão escolhendo.

 Jack Baker, doutorando em pré-história na Universidade de Bordeaux, na França, e autor principal do estudo

Também houve movimentação de materiais entre diferentes grupos, o que pode ser visto, por exemplo, em um local de sepultamento na Itália. Lá os restos mortais de um adolescente foram adornados com materiais provenientes de centenas de quilômetros de distância.

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Os pesquisadores concluíram que, embora a separação geográfica possa explicar parcialmente essas diferenças na seleção de materiais entre os nove grupos, também existiam “fronteiras culturais” naquela época.

O trabalho conseguiu confirmar a existência da maioria dos grupos culturais com base em dados genéticos existentes no registro arqueológico. No entanto, não foi possível identificar um grupo do leste europeu, pois não havia dados genéticos conhecidos disponíveis. Outros dois grupos culturais na Península Ibérica só tinham dados genéticos do mesmo indivíduo, de acordo com o comunicado.