Um relatório divulgado nesta terça-feira (6), Dia da Internet Segura, revela o cenário da violência sexual online e o impacto da inteligência artificial (IA) neste contexto. Segundo a Safernet, ONG que atua em defesa dos direitos humanos na internet, o número de denúncias de imagens de abuso e exploração sexual infantil online, em 2023, foi o maior já registrado em 18 anos.

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IA potencializou este tipo de crimes

Os dados apontam que 71.867 novas denúncias desse tipo de crime foram recebidas pela ONG no ano passado. O crescimento em relação a 2022, quando foram feitos 40.572 registros, foi de 77,13%.

Para a Safernet, três fatores contribuíram para o aumento dos casos: as demissões em massa anunciadas pelas big techs, que atingiram as equipes de segurança, integridade e moderação de conteúdo de algumas plataformas; a proliferação da venda de packs com imagens de nudez e sexo auto-geradas por adolescentes; e a introdução da IA generativa para a criação desse tipo de conteúdo.

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Segundo a ONG, é recomendado que a expressão “pornografia infantil” seja substituída por “imagens de abuso e exploração sexual infantil” ou “imagens de abusos contra crianças e adolescentes”. Isso porque a imagem de nudez e sexo envolvendo uma criança ou adolescente (por lei, pessoas de 0 a 18 anos incompletos), por definição, não é consensual. Logo, não se trata de pornografia, mas de imagens de crianças e adolescentes sendo sexualmente abusadas e exploradas.

É possível realizar denúncias de páginas que contenham imagens de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes na Central Nacional de Denúncias da Safernet Brasil. O processo é 100% anônimo. Em caso de suspeita de violência sexual contra crianças ou adolescentes, deve ser acionado o Disque 100. As informações são do G1.

Outro recorde negativo

  • As denúncias de imagens de abuso e exploração sexual infantil online, somadas a outras violações de direitos humanos na internet recebidas pela Safernet, também registraram outro recorde histórico. 
  • Em 2023, a Safernet recebeu um total de 101.313 denúncias.
  • O recorde anterior era de 2008, quando a ONG recebeu 89.247 denúncias.
  • Ainda de acordo com a pesquisa, entre os crimes de ódio online, houve crescimento de 252,25% de denúncias de xenofobia e de 29,97% de denúncias de intolerância religiosa.
  • Por outro lado, houve queda no número de denúncias de três crimes de ódio entre 2023 e 2022: racismo (20,36%), LGBTfobia (60,57%) e misoginia (57,56%)
  • Segundo a Safernet, as quedas já eram esperadas, uma vez que as denúncias de crimes de ódio dispararam em anos eleitorais, comportamento registrado em 2018, 2020 e 2022.
  • Por isso, os dados não significam uma melhora no comportamento de usuários na web, e sim um retorno aos índices “normais” fora de períodos eleitorais, quando os ânimos se acirram ainda mais.