Imagem: Johan Holmdahl/Shutterstock
Um estudo do ano passado alertou que uma importante corrente oceânica no Atlântico estava se tornando menos intensa, o que poderia ter consequências irreversíveis no clima do planeta e a vida em sociedade. O Olhar Digital reportou o caso aqui.
Agora, novos dados confirmam essa hipótese. Para piorar a situação, um sistema de alerta precoce desenvolvido por estudiosos da Universidade de Utrecht (Holanda), indica que esse colapso está mais próximo do que previsto.
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O estudo, de julho do ano passado, apontava que a corrente de circulação do Oceano Atlântico estava se tornando mais lenta e menos resiliente.
Chamada de AMOC (sigla em inglês para Circulação Meridional do Atlântico), a corrente é considerada um dos “elementos de inclinação” mais vulneráveis do planeta. Ou seja, um impacto nela trará mudanças no globo inteiro.
Na prática, ela funciona como um sistema que transfere água salgada quente para o norte. Durante o trajeto até lá, ela esfria e se torna mais densa, o que faz com que afunde. Então, abre espaço para mais água quente subir do sul e preencher seu espaço, em ciclo contínuo.
O estudo sugere que o aquecimento contínuo, o derretimento das calotas polares e o aumento das chuvas vai levar a AMOC a “ponto de inflexão”, em que as concentrações de sal na água diminuem, tornando-a menos densa. Com isso, o processo se desequilibra.
Desde o ano passado, os pesquisadores continuaram trabalhando no estudo e modelaram forma de detectar o “ponto de virada” da corrente do Atlântico, o momento em que a concentração de sal vai desequilibrá-la. Eles fizeram isso por meio de sistema de alerta precoce baseado na salinidade do mar.
Eles já haviam estimado que o colapso da corrente aconteceria ainda neste século. Agora, apesar de ainda estarem reunindo os novos dados, preveem que o desequilíbrio total aconteça antes mesmo do que as simulações já sugerem.
Isso porque as novas informações mostram que a AMOC é mais sensível às mudanças do que as simulações sabiam. Em entrevista ao RealClimate, o climatologista Stefan Rahmstorf, da Universidade de Potsdam, que não esteve envolvido no estudo, afirma que os modelos climáticos superestimaram a estabilidade da corrente do Atlântico.
Esta post foi modificado pela última vez em 15 de fevereiro de 2024 21:16