O ano de 2023 foi considerado o ano mais quente em 125 anos, mas esse nem foi o recorde mais preocupante para a humanidade. O pior seria alcançado em 17 de novembro, quando o planeta atingiu um grau de aquecimento extremo, ultrapassando pela primeira vez o limiar de 2°C de aquecimento.

De acordo com as informações preliminares do produto de reanálise ERA5, do ECMWF, a temperatura do planeta esteve 2,06°C acima da média do período pré-industrial, de 1850 a 1900, e 1,17°C acima da média de 1991 a 2020, a maior alta registrada. Entenda mais detalhes sobre o assunto e quais as consequências desse aquecimento, neste artigo.

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O que foi definido no Acordo de Paris?

Antes de mais nada, vamos entender qual foi o ponto central do acordo de Paris. O evento aconteceu em 2015 e reuniu representantes de 195 nações do mundo, com o compromisso principal de reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

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Dessa forma, através do Acordo de Paris, o intuito era que o limitar do aquecimento global, se mantivesse sempre bem abaixo de 2°C acima dos níveis pré-industriais e, se possível, limitar o aquecimento a até 1,5ºC.

Neste caso, isso significa que falhamos com o acordo?

A resposta mais prudente é: ainda não. Afinal de contas, os recordes de anomalias de temperatura registrados, acima de 1,5°C e 2°C, em 2023 se referem a dados de anomalia diária. O que em outras palavras, se referem a um estado momentâneo do planeta, mesmo que registrado por vários dias.

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No Acordo de Paris, seria excedido o que foi estabelecido se está temperatura perdurasse por mais de um ano inteiro, de fato. Por outro lado, os números registrados por diversos dias, são um alerta de que estamos muito perto de que esses períodos se estendam cada vez mais.

Afinal, quanto mais frequente o aquecimento de 1,5°C e 2°C for ultrapassado diariamente, isso quer dizer que mais perto o mundo está de ultrapassar essas marcas a longo prazo, o que traria ao planeta mudanças extremamente severas. Veja quais são, a seguir.

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Quais as consequências do limiar acima de 2ºC?


Consequentemente, a ciência revela que os efeitos da ebulição global tendem a se tornar cada vez mais difíceis e com valores altos de manejar. De forma que alguns sistemas planetários deverão sofrer danos irreversíveis.

O painel de ciência do clima da ONU (IPCC) prevê que a maior parte dos recifes de coral do planeta morrerá com um aquecimento acima de 1,5ºC; geleiras de montanhas tropicais e partes dos mantos de gelo da Antártida e da Groenlândia entrarão em colapso irreversível, nações insulares no Pacífico sumirão sob as águas. Aqui no Brasil, porções do Nordeste podem se tornar um deserto.

Além disso, o IPCC revela que poderá acontecer o aumento do nível do mar, extinção de parte dos animais vertebrados, extinção de várias espécies de plantas, ecossistemas poderão se tornar biomas, redução da produção de trigo nos trópicos, declínio dos recifes de corais e diversas outras consequências.