Dois planetas anões podem abrigar oceanos subterrâneos 

Descoberta nos planetas anões pode dar novas esperanças para habitabilidade de Titã, a maior lua de Saturno
Por Mateus Dias, editado por Rodrigo Mozelli 21/02/2024 18h58
Impressão artística do planeta-anão Makemake (Crédito: ESO/L. Calçada/Nick Risinger (skysurvey.org))
Impressão artística do planeta-anão Makemake (Imagem: ESO/L. Calçada/Nick Risinger [skysurvey.org])
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Observações do Telescópio Espacial James Webb (JWST) revelaram que dois planetas anões, chamados Éris e Makemake, podem ter atividades geotérmicas o suficiente para sustentarem oceanos de água líquida abaixo de suas superfícies congeladas. A descoberta pode mudar não só o que sabemos sobre esses objetos, como, também, trazer novas esperanças para a possibilidade de vida em Titã, a maior Lua de Saturno.

Éris

  • Eris é um mundo gelado encontrado nos confins do Cinturão de Kuiper, para além de Plutão;
  • Ele foi descoberto em janeiro de 2005, tendo 44 quilômetros a menos que Plutão, mas 25% mais massa;
  • Atualmente, o planeta anão está localizado a cerca de 14,4 bilhões de quilômetros de distância do Sol.

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Makemake

  • Makemake foi descoberto dois meses depois de Éris e também está localizado no Cinturão de Kuiper;
  • Ele possui cerca de 1,43 mil quilômetros de diâmetro, o que é quase mil quilômetros a menos que Plutão e Éris;
  • Apesar de estar além de Plutão, atualmente ele está mais perto do Sol do que Éris, a cerca de 7,7 bilhões de quilômetros do Sol;

Por estarem muito distantes no Sistema Solar, pouco se sabe sobre esses planetas anões. No entanto, agora, um estudo usando o James Webb lançou luz sobre a composição do metano congelado em suas superfícies.

Isótopos de hidrogênio na composição do metano

O metano é formado por combinação de átomos de carbono e hidrogênio. E esses átomos, mesmo que possuam o mesmo número de prótons, podem conter diferentes números de nêutrons, ou isótopos. 

Se o metano presente na superfície desses mundos fosse o disponível no disco protoplanetário em torno do Sol, há 4,5 bilhões de anos, eles teriam razão isotópica entre o hidrogênio regular e o deutério semelhante a de cometas. No entanto, as medições do JWST apontaram algo diferente, indicando que o metano pode ter surgido depois nos planetas anões.

A relação deutério/hidrogênio aponta para origens geoquímicas do metano produzido no interior profundo. Nossos dados sugerem temperaturas elevadas nos núcleos rochosos desses mundos, para que o metano possa ser cozinhado. O nitrogênio molecular também poderia ser produzido e vemos isso em Éris.

Christopher Glein, geoquímico autor do estudo, em comunicado

Assim, o metano produzido sob as condições de temperatura e pressão nas profundezas do núcleo desses planetas anões provavelmente chegou à superfície por meio da liberação de gases ou atividades criovulcânicas. Essas temperaturas quentes podem acabar sugerindo fontes potenciais de água líquida abaixo da superfície congelada de metano.

Metano nos planetas-anões e habitabilidade de Titã

Uma das melhores partes dessa descoberta é que os modelos utilizados para investigar a formação e a liberação de metano na superfície dos planetas anões também pode ser aplicada em Titã, maior lua de Saturno.

Recentemente, um estudo descartou a habitabilidade do satélite natural, quando se descobriu que o metano e outras moléculas orgânicas abundantes na superfície de Titã não chegam ao seu oceano subterrâneo. 

No entanto, se a atividade geotérmica de Titã puder originar metano e outros gases a partir de seus núcleos, como Éris e Makemake. Os ingredientes orgânicos essenciais para a vida podem vir do núcleo da lua e não de sua superfície.

Redator(a)

Mateus Dias é estudante de jornalismo pela Universidade de São Paulo. Atualmente é redator de Ciência e Espaço do Olhar Digital

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.