A discussão sobre o futuro dos transportes pode durar horas. É fato que os veículos a combustão vão acabar um dia. O petróleo vai acabar um dia. As reservas atuais não duram mais que 5 décadas. Mas, até lá, muito provavelmente as preocupações ambientais já terão derrubado esse tipo de motor.

Quando isso acontecer, alguns candidatos vão se apresentar. Talvez os carros elétricos, movidos a bateria, estejam na frente dessa corrida. Mas tem especialista que aposta mais nas bicicletas elétricas – ou patinetes ou motos mesmo (todos elétricos, claro). Por outro lado, tem gente que acredita em combustíveis feitos de hidrogênio ou ainda uma invenção que não foi criada até agora.

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Ainda não dá para cravar quem vai vencer essa disputa – nem quando os combustíveis fósseis terão seu fim. Esse texto, no entanto, vai se dedicar a um aspecto: mostrar um conceito um pouco diferente de um veículo elétrico – e que pode acelerar a mudança

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O problema do preço

Eu acredito que ninguém goste, deliberadamente, de destruir a nossa camada de ozônio. Eu, por exemplo, tenho um carro com motor a combustão e abasteço com gasolina toda semana. Seria eu um vilão ambiental?

Milhões de pessoas vivem exatamente na mesma condição no Brasil – imagine no mundo todo. E eu não veria problema nenhum em trocar o meu carro por um EV. Mas vocês já viram quanto custa um hoje por aqui?

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Pois é, o carro em si já está caro. Um elétrico então não sai por menos de R$ 100 mil. É claro que tem muita gente que tem dinheiro pra isso. Mas essa muita gente não representa nem 10%.

Dados do IBGE referentes ao ano passado mostram que a maioria da população brasileira (60,1%) vivia com até um salário mínimo per capita por mês em 2022, enquanto 31,8% tinham renda entre um e três salários mínimos per capita mensalmente. Faça as contas: quase 92% da população que não tem condições de ter um gasto dessa magnitude.

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Uma solução chinesa

“Ah, lá vai você falar da China, seu comunista!”

Em primeiro lugar, não sou comunista. E, em segundo, a China também não é, do ponto de vista econômico. Tanto que o exemplo que vou citar agora é de uma empresa chinesa que está ganhando muito dinheiro.

A Wuling fabrica o carro elétrico mais vendido do país – já foram mais de 1,2 milhão de cópias. E, não, não é um veículo de ponta nem um SUV nem um esportivo.

O Wuling Hongguang Mini é minúsculo e feio, mas funcional. É uma invenção dos chineses em parceria com a americana General Motors. Ele virou um fenômeno nas cidades menores e mais pobres do país, como Liuzhou.

O motivo? O preço. Os valores começam em 41.800 yuans (US$ 5.800), mas as edições mais antigas são vendidas por cerca de 30.000 yuans (US$ 4.100). Convertendo para o real temos algo na faixa dos R$ 20.000. É claro que tem muita gente que ainda assim não consegue comprar, mas a parcela dos que conseguem aumenta consideravelmente.

Ficha técnica

  • De acordo com as especificações da empresa, o mais recente Hongguang Mini tem cerca de três metros de comprimento e menos de 1,5 metros de largura.
  • Ou seja, ele é MINI mesmo!
  • Ele acomoda quatro pessoas, mas sem tanto conforto assim.
  • A bateria é de lítio e funciona por até 215 quilômetros com uma única carga.
  • A velocidade máxima não passa dos 100 km/h.
  • E o painel interno é bem simples.

Alguns chineses ouvidos pela agência de notícias AFP disseram que não se incomodam com a simplicidade e que só utilizam o carro para ir ao trabalho ou ao mercado.

A graça, para a maioria deles, é colocar algum adesivo divertido. Os modelos, aliás, já vêm com cores bastante diferentes da fábrica.

Imagem: Montagem/Wuling

Com a explosão de vendas, as cidades começaram a instalar mais pontos de recarga.

Liuzhou e outras, hoje, poluem muito menos do que antes. Fica o exemplo para o resto do mundo. E fica também o questionamento: se a preocupação é realmente ambiental, não vale a pena abrir mão do luxo e vender carros mais baratos?

As informações são da Tech Xplore.