Uma das técnicas usadas para avaliar a circulação sanguínea é atualmente chamada de Tempo de Enchimento Capilar (TEC), que consiste em pressionar a pele ou a ponta do dedo e soltá-la até que a cor volte ao normal. Assim, é possível contabilizar o tempo que o sangue volta a fluir e até encontrar indícios de problemas circulatórios.
No entanto, a técnica pode falhar em peles com mais melanina e confundir a real condição do paciente, já que a análise do resultado é visual.
A boa notícias é que uma nova abordagem de imagens de vídeo chegou para contornar o problema.
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TEC e circulação sanguínea
A TEC é uma métrica para avaliar a circulação sanguínea e, conforme o professor George Cardoso, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, ao Jornal da USP, é usada desde a década de 1980 para auxiliar em situações onde recursos médicos são limitados.
Observando o tempo que demora para a pele voltar à cor normal após a pressão, os médicos conseguem avaliar a qualidade da circulação do sangue.
Porém, um problema comum na TEC e em outras técnicas ópticas é que a absorção de luz na pele de pessoas com mais melanina é diferente. Ou seja, o resultado de um teste com uma pessoa preta ou parda pode confundir e impedir a identificação de problemas na circulação.
Nova técnica
A nova técnica que planeja corrigir isso usa imagens de vídeos associadas ao TEC e se chama pCRT (do inglês “polarized Capillary Refill Time“) e usa luz polarizada para avaliar a pele.
Através de um aplicativo, é possível registrar vídeos de trinta segundos nos testes e medir o tempo de retorno da cor (que indica a circulação sanguínea) com mais precisão.
Cardoso reforça que a abordagem corrige os vieses causados pela presença de melanina:
Para pessoas brancas, ou pardas claras, o teste de TEC funciona sem dificuldade ou viés. Quando são pretas e pardas escuras, o teste convencional tende a dar um falso resultado de ‘normalidade’. Nossa técnica obteve resultados de TEC equivalentes para grupos de diferentes fototipos, o que traz uma equidade entre as pessoas de diferentes tipos de pele.
George Cardoso
Em que pé anda o aplicativo de circulação sanguínea
- Os vídeos são registrados por meio de um aplicativo;
- Segundo Raquel Pantojo, autora da tese que originou a abordagem, o app está sendo desenvolvido e poderá ser instalado em dispositivos celulares;
- O objetivo é tornar a técnica mais abrangente e acessível, possibilitando, inclusive, o autoatendimento;
- Depois do desenvolvimento e testes, os pesquisadores buscarão parcerias com pesquisadores clínicos para utilizá-lo em hospitais e na telemedicina.