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“Não serei juíza de um mundo caduco”, diz Cármen Lúcia sobre uso de IA nas eleições

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou nesta semana resoluções que dizem respeito ao uso de inteligência artificial nas eleições municipais de 2024. A decisão é histórica, já que esta é a primeira vez que o Tribunal regula o uso de IA no pleito. Após as discussões sobre o tema, a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do TSE se pronunciou.

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Segundo a ministra, as resoluções não só brecam o uso de inteligência artificial nas eleições, como marcam uma iniciativa de regulamentação das redes na disputa eleitoral.

Estamos trabalhando no mundo de hoje. Então, o que posso lhe dizer, à maneira de [Carlos] Drummond, que disse: ‘Não serei o poeta de um mundo caduco’, é que também eu não serei juíza de um mundo caduco.

Cármen Lúcia, ministra do STF e do TSE

Ela também afirmou que a votação foi importante por levar em conta que a sociedade, e por consequência a democracia, passam por uma série de transformações. As informações são do G1.

A Constituição do Brasil garante a democracia e, expressamente, com a realização de eleições com lisura, segurança e transparência. Mudam-se os modos [novas tecnologias], garantem-se os princípios da democracia.

Cármen Lúcia, ministra do STF e do TSE

Regras para uso de IA, desinformação e deepfakes

  • Entre as resoluções voltadas à IA aprovadas pelo TSE estão a proibição dos deepfakes (vídeos realistas produzidos com uso da tecnologia);
  • Exigência de identificar explicitamente conteúdo gerado por inteligência artificial (mesmo que não seja voltado para difamação ou desinformação);
  • Restrição de uso de chatbots e avatares na comunicação com eleitores.
  • Já em relação à desinformação e fake news, o TSE decidiu que aplicativos deverão comprovar que cumpriram a determinação de retirar conteúdo do ar;
  • Além disso, orientou juízes para assegurar a eficácia das decisões de remoção de conteúdos ilegais;
  • As plataformas também deverão impedir ou diminuir a circulação de fake news, além de veicular informações que esclareçam dados descontextualizados (por exemplo: aquelas “Notas da Comunidade” no X, antigo Twitter);
  • E provedores poderão ser responsabilizados se não retirarem do ar discursos antidemocráticos ou de ódio.
  • O TSE também aprovou resoluções voltadas à propaganda eleitoral.
  • Nessas resoluções, estão medidas para proteger a liberdade de expressão de artistas e influenciadores digitais, por exemplo.
  • Esses podem abordar posição política em shows, apresentações, performances artísticas e perfis/canais na internet.
  • No entanto, essa permissão vale para manifestação voluntária e gratuita – ou seja, contratação ou remuneração dessas pessoas para divulgação de conteúdo eleitoral favorável a terceiros são proibidos.
  • Por fim, vem as regras para as lives eleitorais.
  • O tribunal proibiu o uso de residência oficial para a realização desse tipo de transmissão ao vivo nas redes sociais.
  • Além disso, essas lives serão considerados como atos de campanha. Isso significa que serão passíveis de avaliação na Justiça Eleitoral.

Esta post foi modificado pela última vez em 28 de fevereiro de 2024 14:40

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Publicado por
Alessandro Di Lorenzo