“Daqui a 100 anos, as pessoas conseguirão ter acesso às coisas nas quais você trabalhou durante sua vida?”
Essa pergunta foi feita por Martin Eve, da Universidade de Londres. Ele é o autor de um estudo que acabou de revelar o “sumiço” de mais de 2 milhões de artigos científicos na internet.
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Ele pesquisou mais de 7 milhões de papers para chegar a essa conclusão. Desse total, 27,64%, ou 2.056.492 obras não foram devidamente armazenados e estão “perdidas” na web.
A pesquisa foi publicada no Journal of Librarianship and Scholarly Communication.
O que aconteceu com esses artigos?
Antes de explicar isso, é importante deixar claro que esses artigos possuem uma identificação própria, chamada de DOI, sigla para Digital Object Identifier.
- A tradução em português é Identificador de Objeto Digital.
- Como o próprio nome diz, o DOI é um registro para qualquer tipo de arquivo digital, trabalhos científicos, revistas, livros, imagens e até músicas.
- O DOI é um código único – formado por um padrão de letras e números – e apresentado na forma de link, que é atribuído a publicações que estejam disponíveis na internet.
- Esse link é permanente para um documento digital.
- Mas o site onde ele está pode sair do ar, certo?
- Se isso acontecer, basta entrar em contato com a empresa que realizou o depósito do respectivo DOI.
- Como o código não muda, o artigo continuará intacto.
O grande problema é que muita gente não fez essa solicitação para a empresa responsável pelo depósito. Resultado: mais de 2 milhões de artigos estão “perdidos” na web.
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Sites deixam de existir todos os anos
Um outro pesquisador da área, Mikael Laakso, da Hanken School of Economics, em Helsinque, fez outro estudo parecido. E o especialista em publicações acadêmicas descobriu que mais de 170 revistas científicas de acesso aberto desapareceram da internet entre 2000 e 2019.
Cada uma delas possuía um acervo com milhares de artigos. Fazendo as contas, faz sentido o “desaparecimento” desses 2 milhões de papers.
“Muitas pessoas têm a suposição cega de que se você tiver um DOI, ele estará lá para sempre. Mas isso não significa que o link sempre funcionará”, disse Laakso.
Para tentar resolver esse problema, o estudo de Martin Eve sugere algumas medidas que poderiam melhorar a preservação digital.
Ele cita a adoção de requisitos mais rigorosos nas agências de registro de DOI, além de uma melhor educação e conscientização sobre o assunto entre editores e pesquisadores.
“Todos pensam nos ganhos imediatos que podem obter ao publicar um artigo em algum lugar, mas realmente deveríamos pensar na sustentabilidade a longo prazo do ecossistema de pesquisa”, concluiu Eve.
As informações são da Nature.