A liderança no desenvolvimento de inteligência artificial (IA) pode mudar tudo na história de um país. Avanços em IA generativa – tecnologia por trás do ChatGPT, por exemplo – podem alterar drasticamente a balança de poder tecnológico no mundo. Os EUA nadam de braçada nessa área. Já a China está de dois a três anos atrás do Tio Sam.

Para quem tem pressa:

  • A China está de dois a três anos atrás dos Estados Unidos no desenvolvimento de inteligência artificial (IA) generativa, de forma que empresas chinesas frequentemente dependem de modelos ocidentais ajustados devido à inferioridade de suas criações originais;
  • As empresas chinesas enfrentam desafios significativos para alcançar a vanguarda da IA, como a dependência de tecnologia ocidental e restrições impostas pelos EUA (limitações em investimentos e venda de microchips, por exemplo);
  • A China tem investido bilhões em pesquisa e desenvolvimento de IA, com foco principalmente em tecnologias prontas para o mercado. Mas enfrenta críticas pela falta de investimento em pesquisa fundamental em IA generativa;
  • Empresas chinesas, como Baidu e Alibaba, buscam desenvolver modelos de IA generativos próprios. E enfrentam desafios como restrições à exportação de chips de IA pelos EUA, o que impacta diretamente a capacidade de treinamento de modelos de IA avançados.

Essa é a opinião de Jenny Xiao, sócia da Leonis Capital, empresa de investimentos que se encontra em companhias com tecnologia de IA. Em entrevista ao The New York Times, a executiva disse que os modelos de IA criados do zero por empresas chinesas “não são muito bons”. Resultado: muitas usam “versões ajustadas de modelos ocidentais [estadunidenses, no caso]”.

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EUA x China: a corrida da IA

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(Imagem: Dilok Klaisataporn/Shutterstock)

A China corre para se manter competitiva frente às inovações em IA provenientes dos EUA. Mas o setor enfrenta desafios, incluindo a dependência de modelos de IA de código aberto desenvolvidos no Ocidente.

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Enquanto as empresas chinesas buscam fechar a lacuna com os Estados Unidos, o país ocidental impõe cada vez mais restrições para desacelerar o progresso chinês. Entram aqui: limitações em investimentos e na venda de microchips, por exemplo (este é o pano de fundo da guerra dos chips, aliás).

Ilustração de cérebro humano com diversas formas de conteúdo em holograma para representar conceito de inteligência artificial
(Imagem: Pedro Spadoni via DALL-E/Olhar Digital)

Os esforços da China para avançar em IA incluem um plano ambicioso, lançado após a vitória da ferramenta de IA AlphaGo, sobre jogadores de Go. Neste plano, o governo prometeu bilhões para a pesquisa e desenvolvimento em IA. Entretanto, novas regulamentações chinesas limitam os conjuntos de dados para treinamento de IA e estabelecem requisitos rigorosos para os modelos que usam a tecnologia.

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O foco dos investimentos em IA na China tem sido em tecnologias prontas para o mercado, como a visão computacional, em detrimento da pesquisa fundamental em IA generativa. Isso reflete uma pressão por retornos rápidos e uma abordagem mais prática em detrimento de objetivos de longo prazo.

Desafios e tombos no caminho

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(Imagem: William Potter/Shutterstock)

Empresas como Baidu, Alibaba, Mengniu e TAL Education estão agora envolvidas na “batalha dos 100 modelos”, indicando uma corrida frenética no desenvolvimento de IA generativa na China. E críticas surgiram sobre esse “vale-tudo”,. O CEO da Baidu, Robin Li, sugeriu que recursos deveriam ser alocados melhor em aplicativos práticos.

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O desafio de criar um modelo de IA inovador e que sirva de base para outros recursos é evidente na experiência da Baidu com seu chatbot Ernie, cuja apresentação “ao vivo” pré-gravada causou uma queda de 10% nas ações da empresa. Apesar dos desafios, empresas como Baidu, Alibaba e Tencent persistem na tentativa de desenvolver modelos de IA generativos próprios.

As restrições dos EUA à exportação de chips de IA para a China apresentam outro obstáculo significativo. Isso porque esses componentes são cruciais para o treinamento de modelos de IA generativos. Empresas como Baidu e 01.AI afirmaram ter estoques suficientes de chips para manter suas operações por algum tempo, apesar das restrições. A corrida continua.