Conhecido como ‘o homem do pulmão de ferro’, o americano Paul Alexander morreu na última terça-feira (12), aos 78 anos. Vítima de uma poliomielite aguda grave, ele perdeu o movimento do pescoço para baixo aos 6 anos, vivendo desde então dentro de um cilindro de metal. 

O que você precisa saber: 

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  • Conforme divulgou a BBC, Alexander contraiu poliomielite em 1952 — a vacina só foi criada no fim da década, sendo oficialmente lançada nos anos 1960; 
  • Além da paralisia muscular do corpo, ele também ficou incapaz de respirar sozinho, o que o levou ao cilindro de metal — um pulmão artificial disponível na época — onde passaria o resto da vida;
  • Assim como a maioria dos pacientes nesta condição, não se esperava que ele vivesse tanto. Ele foi inclusive reconhecido pelo Livro Guinness dos Recordes como a pessoa que viveu mais tempo em um pulmão de ferro (mais de 70 anos); 
  • Embora confirmada por um site de arrecadação de fundos dedicados a ele, o motivo da morte do americano não foi revelado. 

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Sua história viajou por todos os cantos, influenciando positivamente pessoas ao redor do mundo. Paul foi um exemplo incrível que continuará a ser lembrado. 

Site de arrecadação de fundos para Paul Alexander em comunicado oficial.

Mesmo tendo que conviver com sua condição, Alexander conseguiu se formar em direito, exercer a advocacia e ainda publicar vários livros — um amigo auxiliou na empreitada, que levou oito anos. 

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Os pulmões de ferro 

Os chamados pulmões de ferro (ou de aço) eram basicamente uma enorme caixa de metal presa a um fole que funcionava como um tipo de ventilador para pacientes com dificuldades de respiração. A sucção contínua do fole mantinha o paciente respirando. 

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Em suma, o respirador empurrava o ar para os pulmões por meio de um método de respiração artificial denominado Ventilação Externa com Pressão Negativa (ENPV). O fole sugava o ar do cilindro, onde o paciente ficava trancado, e à medida que a pressão do ar na diminuía, os pulmões do paciente expandiam-se automaticamente, puxando ar fresco para o diafragma. 

Pulmão de aço em 1960 nos Estados Unidos. — Foto: CDC Public Health Image Library

A máquina, que tinha formato de cilindro metálico, ficou obsoleta na década de 1960, quando foram substituídos por ventiladores mecânicos. Como Alexander já havia se acostumado na caixa, decidiu continuar usando o dispositivo — ele chamava o “companheiro” de “velho cavalo de ferro”. 

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Vale pontuar que, com o tempo, o americano aprendeu técnicas para respirar sozinho, o que o permitiu sair do pulmão de ferro por curtos períodos. As táticas ajudaram também a realizar outras tarefas do dia a dia, como sair da caixa para fisioterapia, banho, além de outros cuidados médicos necessários — tudo precisava ser rápido, dada a necessidade do paciente de voltar para o pulmão artificial. 

Segundo o Globo, dados do Museu de Ciência apontam que muitos pacientes só usaram o aparelho por algumas semanas ou meses, dependendo da gravidade do vírus. Aqueles que ficaram com os músculos do peito permanentemente paralisados pela doença precisaram do auxílio de uma máquina para o resto da vida. Alexander foi o paciente mais longevo a partir do uso da caixa. Foram 72 anos vivendo com auxílio do pulmão de ferro.