Futuro do dinheiro: mais de 100 países estão desenvolvendo moedas digitais

Uma pesquisa aponta que mais da metade dos projetos de moedas digitais estão em fases avançadas (caso do Brasil) ou já foram lançados
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 15/03/2024 01h00, atualizada em 15/03/2024 20h55
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As moedas digitais são uma tendência para o futuro. Elas permitirão novas funcionalidades e fornecerão uma alternativa ao dinheiro físico, que apresenta sinais de declínio. Segundo um estudo, mais de 100 países já estão trabalhando no desenvolvimento de versões digitais de suas moedas.

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Moeda digital da China (Imagem: googibga/istock)

Moedas digitais pelo mundo

De acordo com a Atlantic Council, um total de 134 países (que representam 98% da economia global) estão trabalhando no desenvolvimento de moedas digitais. Mais da metade destes projetos estão em fases avançadas, piloto ou já foram lançados. Ainda segundo a pesquisa, todos os integrantes do G20, com exceção da Argentina, estão nessa lista.

São 36 projetos-piloto em andamento, incluindo o e-CNY da China, que está sendo testado com 260 milhões de pessoas em 25 cidades. Já na Europa, o Banco Central Europeu está há seis meses trabalhando na preparação do euro digital.

As Bahamas, a Jamaica e a Nigéria são os únicos países que já têm suas moedas digitais em pleno funcionamento. A União Monetária das Caraíbas Orientais (ECCU), composta por 8 países (Montserrat, Granada, Dominica, Antígua e Barbuda, Anguila, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas e São Cristóvão e Nevis), também já lançou a sua versão, mas usuários relataram problemas para acessar as carteiras digitais.

O que mais chama a atenção, no entanto, é o fato da pesquisa não mencionar os Estados Unidos em posição de vanguarda na tecnologia. Pelo contrário, os pesquisadores apontam que os norte-americanos estão ficando para trás.

Recentemente, o Federal Reserve (Banco Central dos EUA) disse que o projeto do dólar digital está muito longe de se tornar realidade. O presidente Joe Biden determinou a criação do projeto em 2022, mas as discussões parecem estagnadas, ainda mais em período eleitoral. As informações são da Reuters.

Drex
Moeda digital brasileira (Imagem: Sidney de Almeida/ Shutterstock)

Drex, a moeda digital brasileira

  • No Brasil, o Drex está cada vez mais perto de entrar em operação.
  • A nova moeda digital brasileira já está praticamente pronta do ponto de vista tecnológico para ser testada pela população.
  • Na prática, ela servirá como o futuro das cédulas físicas, já emitidas pelo Banco Central, e será garantida pelos mesmos fundamentos e pelas mesmas políticas econômicas já em vigor.
  • Será possível usar a moeda digital para transações financeiras, transferências e pagamentos, por exemplo.
  • Sua custódia ficará no BC.
  • Ela poderá ser trocada pelo real tradicional (em notas), e vice-versa, mas o foco serão as transações financeiras.
  • A cotação frente a outras moedas também será a mesma.
  • Não será permitido que os bancos emprestem esses recursos a terceiros — como acontece atualmente com o real físico — e depois os devolva aos clientes.
  • Não haverá remuneração, ou seja, os recursos não terão uma correção automática.
  • Haverá uma garantia da segurança jurídica, cibernética e de privacidade nas operações.
  • Ainda segundo o BC, qualquer pessoa ou empresa que desejar ter a moeda digital precisará entregar reais em formato convencional para a realização da troca.
  • “Essa operação não será feita diretamente pelo BC, ela será intermediada por um participante do sistema financeiro (banco, cooperativa ou fintech) ou do sistema de pagamentos (instituição de pagamento), ou ainda de algum novo tipo de empresa que venha a ser criada sob a autorização do BC para intermediar o acesso e a utilização de reais no formato digital”, disse o Banco Central.
  • Os usuários precisarão ter uma carteira virtual em custódia de um agente autorizado pela entidade — como um banco ou uma instituição de pagamento, por exemplo — para conseguir ter acesso à nova moeda digital.
  • Por estar sempre associada a um serviço financeiro, é natural que os custos da plataforma da nova moeda digital estejam embutidos.
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.