Demência, Alzheimer e doenças neurológicas aumentaram nos últimos 30 anos

O aumento de problemas gerados por condições neurológicas é consequência do envelhecimento populacional, mas não apenas dele, segundo estudo
Por Nayra Teles, editado por Lucas Soares 16/03/2024 04h00
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Imagem: Shutterstock/PopTika
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Uma análise do Global Burden of Disease, Injuries, and Risk Factors Study (GBD) revelou que o impacto de condições neurológicas tem crescido significativamente pelo mundo. Nos últimos 31 anos, as chamadas DALYs – medida que considera incapacidades, doenças e mortes prematuras – causadas por problemas desenvolvidos no cérebro cresceram 18%.

O número é uma consequência do envelhecimento e crescimento das populações ao redor do globo, mas também do aumento de fatores de risco. A pesquisa foi publicada na revista The Lancet Neurology.

Vamos aos dados:

  • O número de pessoas afetadas por doenças neurológicas, como AVC, Alzheimer e meningite, cresceu significativamente em 30 anos.
  • Em 2021, 3,4 bilhões de pessoas foram diagnosticadas com problemas neurológicos, um aumento substancial desde 1990.
  • As DALYs aumentaram em 18% desde 1990, passando de 375 milhões de pessoas atingidas para 443 milhões em 2021.
  • O aumento é devido ao envelhecimento da população e ao crescimento da exposição a fatores de risco ambientais, metabólicos e de estilo de vida.
  • Apesar do aumento absoluto de DALYs, as taxas, corrigidas por idade, diminuíram globalmente devido a esforços de prevenção e tratamento.
  • As principais causas da perda de saúde neurológica incluem AVC, encefalopatia neonatal, enxaqueca, Alzheimer, neuropatia diabética e meningite.
  • A neuropatia diabética foi uma das que mais cresceu, triplicando globalmente desde 1990.
Variação dos impactos neurológicos ao longo do tempo e conforme a idade das pessoas afetadas no todo o mundo – Imagem: The Lancet Neurology

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Perdas de saúde neurológica são maiores em países mais pobres

Mais de 80% das mortes e perdas de saúde neurológica ocorrem em países de baixa e média renda, segundo o estudo.

Regiões de alta renda, como Ásia-Pacífico e Australásia, têm taxas mais baixas de perda de saúde neurológica, com doenças como AVC, enxaqueca e demência sendo as principais causas. Em contrapartida, regiões da África Subsaariana têm taxas mais altas de perda de saúde neurológica, com AVC, lesões cerebrais neonatais, demência e meningite como principais causas.

A falta de acesso a tratamento e reabilitação contribui para essa disparidade nos países mais pobres, que também possuem menos recursos e profissionais médicos disponíveis.

Redução de fatores de risco

Para mudar o cenário das doenças neurológicas, a equipe de pesquisa recomenda medidas preventivas. Isso inclui compreender fatores de risco, como pressão arterial alta, exposição ao chumbo e níveis elevados de glicose no sangue, e implementar estratégias para reduzi-los ao longo da vida.

A modificação de fatores de risco pode prevenir até 84% dos casos de AVC globalmente, segundo uma estimativa dos pesquisadores. Além disso, investir em pesquisa para desenvolver novas intervenções também pode auxiliar nesse contexto.

Nayra Teles
Redator(a)

Nayra Teles é estudante de jornalismo na Universidade Anhembi Morumbi (UAM) e redatora no Olhar Digital

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.