Embora Marte seja um mundo árido e estéril hoje em dia, vários estudos apontam que a água fluía por lá bilhões de anos atrás. Uma nova pesquisa, no entanto, sugere que isso pode ter acontecido durante menos tempo do que se pensava. 

Analisando dados coletados pela espaçonave Mars Reconnaissance Orbiter (MRO), da NASA, pesquisadores da Universidade de Utrecht, na Holanda, liderados pela  PhD em Geomorfologia planetária Lonneke Roelofs, investigaram as ravinas marcianas (acidentes geográficos geralmente resultantes de erosão pela ação de córregos e enxurradas).

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Atualmente, Marte é um mundo árido e estéril, mas ele já teve uma fase úmida (que pode, no entanto, ter sido mais curta do que se pensava). Crédito: Nazarii_Neshcherenskyi – Shutterstock

Marcas da passagem de água em Marte podem ter sido feitas por outra coisa

Acredita-se que essas ravinas foram formadas há muito tempo pelo fluxo de água. No entanto, a nova pesquisa sugere que elas podem ter sido esculpidas de maneira diferente, por uma ação explosiva e rápida: a sublimação do gelo de dióxido de carbono.

Isso quer dizer que, ao contrário do que se pensava, a água líquida pode não ter estado presente na superfície de Marte por tanto tempo quanto se imaginava – o que é significativo, tendo em vista que a água é essencial para a vida, e a busca por vida em Marte muitas vezes se concentra na possibilidade de encontrar evidências de água líquida antiga.

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Ravinas de Marte com gelo de dióxido de carbono nas bordas, como visto pela câmera HiRISE do Mars Reconnaissance Orbiter, satélite da NASA que investiga o planeta desde 2006. Crédito: HiRISE (High Resolution Imaging Experiment), uma câmera a bordo do Mars Reconnaissance Orbiter (foto nº: ESP_039114_1115)

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De acordo com a nova abordagem, as ravinas na superfície do planeta podem ter sido formadas por processos que não envolveram água líquida, mas sim gelo de dióxido de carbono, principal componente da atmosfera marciana.

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Durante o inverno por lá, as temperaturas despencam muito abaixo de zero, fazendo com que o dióxido de carbono se congele na superfície. Quando a primavera chega, esse gelo de dióxido de carbono volta a uma forma gasosa, criando uma espécie de “explosão” que pode esculpir a paisagem marciana.

Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores realizaram simulações em laboratório para reproduzir as condições de Marte. Eles observaram diretamente a sublimação do gelo de dióxido de carbono e descobriram que esse processo pode moldar a paisagem do Planeta Vermelho de maneira semelhante aos processos que envolvem água na Terra.

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Um artigo relatando a pesquisa foi publicado semana passada na revista Communications Earth & Environment. Esses resultados nos lembram que ainda há muito a aprender sobre esse vizinho fascinante e misterioso.