Guerra dos chips: Índia pode ter papel central na disputa

Índia quer estar entre os cinco maiores produtores de chips semicondutores do mundo nos próximos cinco anos
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 19/03/2024 02h20
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Imagem: Popel Arseniy/Shutterstock
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O governo da Índia tem um plano para transformar o país em uma potência global nos próximos anos. E é claro que esse projeto envolve a produção em massa de chips semicondutores. O objetivo é aproveitar as oportunidades geradas pela disputa entre Estados Unidos e China, conhecida como a “guerra dos chips“.

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Disputa entre EUA e China pode abrir espaço para crescimento da Índia (Imagem: William Potter/Shutterstock)

Chip semicondutor nacional pode ser desenvolvido até 2026

De acordo com o ministro de eletrônica e tecnologia da informação, ferrovias e comunicações da Índia, o país deve estar entre os cinco maiores produtores de semicondutores do mundo nos próximos cinco anos. A declaração de Ashwini Vaishnaw foi dada durante entrevista à CNBC.

A ideia é se beneficiar à medida que muitas empresas procuram reduzir a dependência da China em meio à disputa com os EUA. Os indianos acreditam ser um “parceiro confiável da cadeia de valor” para praticamente todas as empresas e governos mundiais. Para Vaishnaw, “há uma confiança global na Índia”.

Na semana passada, o primeiro-ministro Narendra Modi inaugurou três fábricas de semicondutores em território indiano. Uma dessas fábricas é uma joint venture entre a Tata Electronics e a taiwanesa Powerchip Semiconductor Manufacturing Corp. O objetivo é criar o primeiro chip semicondutor da Índia até 2026.

Nos últimos dias, a gigante norte-americana Qualcomm abriu um novo centro de design em Chennai. A instalação se concentrará no design de tecnologia sem fio e criará 1.600 empregos no país. Já a Foxconn, fornecedora da Apple, anunciou em novembro do ano passado que planeja investir mais de US$ 1,5 bilhão na Índia para atender às suas “necessidades operacionais”.

Atualmente, Taiwan detém cerca de 46% da capacidade global de fundição de semicondutores, seguida pela China (26%), Coreia do Sul (12%), EUA (6%) e Japão (2%), de acordo com a empresa de inteligência de mercado TrendForce.

Índia quer criar chip semicondutor próprio até 2026 (Imagem: Arifin_321/Shutterstock)

Índia: nova potência mundial?

  • A Índia tem crescido muito nas últimas décadas e especialistas apontam que o país pode se colocar como uma nova potência mundial num futuro próximo.
  • Ela já é a nação mais populosa do mundo, tendo chegado a marca de 1,428 bilhão de habitantes e tendo superado a China no ano passado.
  • Recentemente, o governo do país anunciou um investimento de US$ 1,2 bilhão (quase R$ 6 bilhões) em projetos relacionados ao desenvolvimento de inteligência artificial (saiba mais clicando aqui).
  • Além disso, os indianos têm obtido diversas conquistas espaciais recentemente.
  • Em agosto de 2023, a missão Chandrayaan-3 conseguiu o feito inédito de pousar no polo sul da Lua.
  • Já no início deste ano, a sonda Aditya-L1 entrou com sucesso na órbita do Sol para estudar a camada mais externa da atmosfera solar, chamada corona, e sua influência no clima espacial.
  • As autoridades indianas ainda pretendem enviar um robô humanoide ao espaço.
  • E apresentaram, no final de janeiro deste ano, os quatro astronautas que realizarão a primeira viagem espacial tripulada do país.
  • Eles irão passar três dias a 400 quilômetro da órbita da Terra.
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.