Gravuras rupestres retratando corpos celestes e animais são descobertas no Brasil

Muitas das esculturas são símbolos gravados criados pelo desgaste das rochas e estão localizadas em falésias próximas umas das outras
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Ignacio de Lima 20/03/2024 12h31, atualizada em 21/03/2024 21h44
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Pegadas humanas, figuras semelhantes a corpos celestes e representações de animais, como veados e porcos selvagens, são retratadas em esculturas rupestres de dois mil anos encontradas no Brasil. A descoberta foi realizada durante três expedições, entre 2022 e 2023, no Parque Estadual do Jalapão, no estado do Tocantins.

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Símbolos foram criados a partir do desgaste das rochas (Imagem: Rômulo Macêdo)

Esculturas fornecem respostas sobre o passado da região

Pesquisadores do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) identificaram 16 sítios arqueológicos pré-coloniais, todos localizados em falésias rochosas próximas umas das outras. Muitas das esculturas são símbolos gravados criados a partir do desgaste das rochas. A equipe também descobriu pinturas vermelhas em alguns dos locais.

Essa proximidade sugere uma possível conexão entre os sítios e esclarece padrões de assentamento das antigas comunidades que habitavam a região. É provável que as pinturas sejam mais antigas do que as gravuras e que tenham sido feitas por outro grupo cultural.

Rômulo Macêdo, arqueólogo que liderou os trabalhos

Até agora, arqueólogos haviam encontrado apenas artefatos de pedra dos povos indígenas pré-coloniais do Jalapão. Os primeiros artefatos cerâmicos e ferramentas de pedra encontrados em sítios arqueológicos na região podem ter sido itens importantes para a produção de arte.

As gravuras provavelmente foram feitas com pedras pontiagudas e pedaços de madeira, enquanto os pigmentos de pintura foram produzidos a partir da pulverização de minerais de ferro muito abundantes na região; o pó era então misturado com gordura animal ou vegetal e aplicado na rocha com dedos ou bastões.

Rômulo Macêdo, arqueólogo que liderou os trabalhos

As esculturas ainda estão sendo analisadas, mas apresentam semelhanças técnicas e temáticas com outros sítios arqueológicos de diferentes estados do Brasil, o que sugere que a arte rupestre data de cerca de dois mil anos atrás.

A descoberta foi realizada durante três expedições no Parque Estadual do Jalapão (Imagem: Rômulo Macêdo)

Local é ameaçado pelo vandalismo e desmatamento

  • O Parque Estadual do Jalapão cobre uma área de cerca de 34 mil quilômetros quadrados e é uma área árida com dunas, rios e formações rochosas gigantes.
  • O trabalho arqueológico no local tem sido escasso e tem se concentrado principalmente em estudos de arqueologia de salvamento motivados por desenvolvimentos agrícolas ou de infraestrutura.
  • Algumas partes do estado produziram artefatos que datam entre 425 e 12 mil anos atrás, incluindo cerâmicas e pontas de flecha.
  • Apesar da importância das novas descobertas, o parque enfrenta ameaças como erosão, vandalismo e desmatamento.
  • O Iphan anunciou planos para desenvolver projetos de preservação e divulgação do patrimônio arqueológico da região.
  • As informações são do Live Science.
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Com 10 anos de experiência, é especialista na cobertura de tecnologia. Atualmente, é editor de Dicas e Tutoriais no Olhar Digital.