Pesquisadores encontraram, em Palmas (PR), um morcego da espécie Histiotus alienus, que não era visto nem fotografado desde 1916. Ele foi capturado em 2018, em unidade de conservação da cidade paranaense.

Segundo o UOL, a captura do espécime foi realizada por membros do projeto “Mamíferos do Refúgio de Vida Silvestre dos Campos de Palmas e do Parque Nacional dos Campos Gerais”. O município tem 52 mil habitantes e se localiza no sudoeste do Paraná, a 370 km de Curitiba.

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“Morcego de 100 anos”

  • Até então, somente um naturalista inglês tinha tido a sorte de tirar uma foto e ver o animal;
  • Ele o fez em Joinville (SC) e levou o animal para Londres (Inglaterra);
  • O espécime tem apenas 12 cm de comprimento;
  • Duas diferenças dele para outras espécies de morcego são as orelhas menores e uma membrana extra;
  • Os autores da pesquisa indicam que a espécie está seriamente ameaçada de extinção, pois as áreas onde ele vive, como campos nativos e florestas de araucárias, são pequenas e espalhadas, dificultando seu desenvolvimento, além de serem transformados em pastagens, campos de monocultura agrícola e plantio de pinus e eucalipto.

“É um achado muito significativo. A descrição original de 1916 era limitada a poucas informações, como era típico na época”, disse Liliani Maria Tiepolo, professora da UFPR e coordenadora do projeto, em entrevista ao Ciência UFPR.

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Caso o naturalista inglês tivesse mantido o animal no Brasil, sua espécie poderia ter sido redescoberta antes, possivelmente. Para comprovar que se tratava do Histiotus alienus, os pesquisadores compararam o morcego recuperado com representação da espécie localizada na Inglaterra.

Barreiras geográficas, financeiras e linguísticas inviabilizam a visita a museus para diversos pesquisadores, ficando a maioria das visitas atreladas a grants [financiamentos]. Talvez se o holótipo estivesse no Brasil, essa espécie poderia ter sido redescoberta antes.

Vinícius Cláudio, pesquisador da Fiocruz

Ainda temos muito a investigar. Pode ser uma espécie naturalmente rara. Pode ser uma espécie que sofreu muito o impacto da devastação da Mata Atlântica, tanto no passado quanto no presente. Ou pode se tratar de uma espécie que é difícil de ser coletada com técnicas tradicionais.

Liliani Maria Tiepolo, professora da UFPR e coordenadora do projeto, em entrevista ao Ciência UFPR

O estudo foi publicado este ano na ZooKeys.