Peste bubônica alterou o sistema imunológico humano, diz estudo

Segundo pesquisadores, a peste bubônica deixou sua marca na espécie humana e pode ser encontrada no genoma das pessoas que vivem atualmente
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Lucas Soares 21/03/2024 02h20, atualizada em 01/04/2024 10h51
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Vestimenta típica com um bico alongado usada por médicos para tratar a peste no passado. Imagem: illustrissima / Shutterstock.com
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Recentemente, um homem contraiu a peste bubônica do seu gato de estimação nos Estados Unidos. Atualmente, casos assim são extremamente raros e dificilmente levam à morte. Mas a doença, que literalmente dizimou parte da população mundial no passado, deixou sua marca na espécie humana e pode ser encontrada no genoma das pessoas que vivem nos dias de hoje.

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Peste negra
Bactéria Yersinia pestis, responsável pela doença (Imagem: Everett Collection/Shutterstock)

Marcas deixadas pela doença

Acredita-se que a bactéria Yersinia pestis tenha infectado a espécie humana por milhares de anos. Evidências dela foram encontradas no DNA de esqueletos datados de 4 mil anos atrás.

Após anos de teorias, pesquisadores analisaram os restos mortais presentes um túmulo coletivo de vítimas da peste do século XVI na cidade alemã de Ellwangen. Eles sequenciaram genomas de 36 esqueletos.

Ao compará-los com o DNA de pessoas que moram em Ellwangen hoje em dia, descobriram que os habitantes do século XXI apresentam diferenças sutis em vários genes HLA (responsáveis por codificar proteínas encontradas sobre a superfície das nossas células e que desempenham um papel importante na coordenação da nossa reação imunológica. Isso significa que provavelmente a infecção tornou a população daquela região mais capaz de combater a Yersinia pestis.

Dois anos atrás, um grupo internacional de pesquisadores tentou examinar quais podem ter sido os impactos da Peste Negra sobre a imunidade humana. Eles reuniram amostras genéticas de esqueletos de cerca de 500 pessoas em cemitérios de Londres e da Dinamarca que morreram antes, durante e depois da pandemia do século XIV.

Eles observaram particularmente padrões relativos a um gene chamado ERAP2, que codifica uma proteína conhecida por ajudar as células imunológicas humanas a combater a Yersinia pestis e outros patógenos.

O estudo demonstrou que os londrinos e dinamarqueses da era medieval que carregavam esta última variante de ERAP2 tinham duas vezes mais probabilidade de sobreviver à peste. Os pesquisadores descobriram que, no final do século XIV, 50% dos londrinos e 70% dos dinamarqueses pesquisados possuíam essa variante. As informações são do G1.

homem na peste bubônica
Peste bubônica causou a pandemia mais devastadora da história da humanidade (Imagem: Shutterstock)

A peste bubônica 

  • A peste bubônica, também conhecida como Peste Negra, é a forma mais comum da doença que ainda tem mais dois tipos: a peste Septicêmica Primária e a Pneumônica. 
  • Seu surgimento causou a pandemia mais devastadora registrada na história da humanidade, tendo resultado na morte de 75 a 200 milhões de pessoas na Eurásia, atingindo o pico na Europa entre os anos de 1347 e 1351.
  • Acredita-se que a bactéria Yersinia pestis tenha sido a causa.
  • O microrganismo é geralmente encontrado em ratos e pulgas (a picada transmite a doença). 
  • Entre os sintomas da peste bubônica estão inchaço dos gânglios linfáticos, que formam bolhas na virilha, axila e pescoço, febre, calafrios, dor de cabeça, fadiga e dores musculares.
  • Os pacientes ainda podem sentir confusão mental, náuseas e significativa alteração na pressão arterial.  
  • De 2010 a 2015 foram identificados 3.248 casos em todo o mundo, com 584 mortes.
  • O Brasil não registra casos de peste em seres humanos desde 2005.
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.