Startup cria disco de vinil todo feito de plantas – e ele toca música igual

Aumento nas vendas dos discos de vinil também significa mais plástico usado para produzir das unidades
Por Vitoria Lopes Gomez, editado por Bruno Ignacio de Lima 27/03/2024 06h40
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(Foto: Evolution Music/Reprodução)
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Se você acompanha o Olhar Digital (ou é só um grande fã de música), deve ter visto que as vendas de discos de vinil superaram as de CDs e DVDs em 2023. No entanto, o aumento levantou preocupações relacionadas à sustentabilidade, já que os vinis são feitos de PVC, um tipo de plástico.

Uma startup do Reino Unido achou uma solução para conciliar a valorização da mídia física e da nostalgia à reciclagem: um disco de vinil vegetal – mas que não perde nada para o tradicional.

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Disco de vinil x plástico

Segundo o New Atlas, a startup Evolution Music calcula que são cerca de 180 milhões de unidades de discos de vinil produzidas anualmente. Se todas elas tiverem cerca de 140 g e qualidade padrão, são necessárias 30 mil toneladas de PVC.

Isso não chega perto da produção de plástico de outras indústrias, é claro, mas é uma quantidade considerável adentrando o meio ambiente – especialmente quando isso pode ser reduzido para zero.

Essa é a proposta da startup: criar um vinil vegetal, sem nenhuma adição de plástico.

Marc Carey, CEO da Evolution Music, apresentando o “vinil vegetal” (Foto: Evolution Music/Reprodução)

Vinil vegetal

  • O produto foi batizado de EvoVinyl e é predominantemente feito de cana-de-açúcar (além de alguns “ligantes minerais naturais” e corantes);
  • Entre as vantagens, o disco pode ser fabricado usando os mesmos materiais da produção de uma unidade tradicional. A única mudança é que, por conter um bioplástico, a temperatura de prensagem precisaria ser mais baixa;
  • Para além da economia de plástico, se uma produtora de discos de vinil resolver mudar para a alternativa vegetal, terá 30% de economia de energia na fábrica (pelo menos é o que diz o CEO da Evolution Music, Marc Carey);
  • Ele ainda completa que a opção vegetal leva 50% menos tempo para imprimir do que um disco tradicional;
  • Para melhorar, os resíduos da produção do disco de vinil digital podem ser aproveitados para fazer outros discos, dessa vez reciclados.
(Foto: Evolution Music/Reprodução)

E o som?

Claro, o grande chamativo do disco de vinil tradicional é o som excepcional. A Evolution Music garante que isso não vai mudar.

Rob Cass, um veterano de produção musical, revelou que testou a qualidade do som do vinil vegetal e ficou sem palavras quando soube que era feito inteiramente de plantas. Peter Thomas, fabricante de alto-falantes da PMC, teve a mesma reação e descreveu o produto como “indistinguível do vinil tradicional”.

A PMC, inclusive, investiu na startup em prol do meio ambiente. Agora, a Evolution Music fará algumas edições limitadas em comemoração ao Dia da Terra, com esperança de que mais artistas e gravadoras vão se interessar.

Para os ouvintes, não há preocupação: o vinil vegetal roda na vitrola tradicional.

Vitória Lopes Gomez é jornalista formada pela UNESP e redatora no Olhar Digital.

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Com 10 anos de experiência, é especialista na cobertura de tecnologia. Atualmente, é editor de Dicas e Tutoriais no Olhar Digital.